Queridos irmãos e irmãs,
Fazemos
parte da Igreja de Cristo pelo Batismo. Isso é dom e graça de Deus para nós. Pela
fé da Igreja, nossos pais e padrinhos assumem um compromisso de educar a
criança que é batizada. No Batismo, renascemos para a vida eterna da graça de
Deus. Quando criatura sujeito ao pecado, somos agraciados pela vida através da
morte de uma existência para um novo renascimento em Cristo. Assim recebemos
uma nova vida e a condição de sermos filhos e filhas adotivas de Deus em
Cristo. A trindade vem morar em nós e nos faz ter vida porque Deus está vivo e
quer fazer morada na nossa vida (1).
O
Batismo das crianças não é um algo contra a liberdade. É justamente necessário
isso para justificar também o dom da vida, diz Bento XVI. Na noite de
segunda-feira, 11, o papa Bento XVI participou da abertura da Conferência
Pastoral Eclesial da Diocese de Roma, na Basílica de São João do Latrão. O tema
deste ano para a Conferência vem do Evangelho de Mateus: “Ide e fazei
discípulos, batizando e ensinando. Vamos redescobrir a beleza do Batismo”. Em
sua mensagem, Bento XVI lembrou que o Batismo é mais que uma simples cerimônia,
que um banho ou limpeza: “é morte e vida, é morte de uma determinada existência
e renascimento, ressurreição a uma nova vida (2).
Para
o papa, o tema vem trazer uma reflexão para os fieis sobre a profundidade do
Sacramento do Batismo. Ele enfatizou, num primeiro momento, a escolha do termo
“em nome do Pai”, que é justamente uma imersão no nome da Trindade, “uma
interpenetração do ser de Deus e do nosso ser, um ser imerso no Deus Trino,
Pai, Filho e Espírito Santo”, disse. Bento XVI explicou que quem está no nome
de Deus e imerso Nele está vivo, já que Ele não é um Deus dos mortos, mas dos
vivos. O santo padre disse que daí sucede o ser batizado, em que a pessoa se
torna inserida no nome de Deus. “Então, ser batizado quer dizer ser unido a
Deus. Em uma única e nova existência, pertencemos a Deus, somos imersos no
próprio Deus” (2).
Nesse
contexto, o papa elencou três consequências advindas do batismo. A primeira
delas é o fato de que Deus não é mais distante e não se discute mais sobre Sua
existência. “Nós estamos em Deus e Deus está em nós. A prioridade, a
centralidade de Deus na nossa vida é a primeira consequência do Batismo”. O
segundo aspecto é que ninguém se faz cristão, ou seja, tornar-se cristão não é
algo que resulta somente da decisão individual, mas antes é fruto de uma ação
de Deus. “Não sou eu que me faço cristão, eu sou objeto de Deus, pego nas mãos
por Deus e assim, dizendo ‘sim’ a esta ação de Deus, torno-me cristão”,
enfatizou (2).
E
estar nessa comunhão com Deus significa também estar unido aos irmãos e irmãs,
o que é a terceira consequência do batismo. “Ser batizado não é nunca um ato
solitário ‘meu’, mas é sempre necessário um ser unido com todos os outros, um
ser em unidade e solidariedade com todo o Corpo de Cristo, com toda a comunidade
dos seus irmãos e irmãs”. Depois de explicar a importância do Batismo, Bento
XVI deu sequência à sua mensagem explicando o rito deste sacramento, que se
compõe basicamente por dois elementos: pela matéria, água, e pela palavra. O pontífice
destacou a importância destes elementos, tendo em vista que o cristianismo não
é puramente espiritual, mas uma realidade cósmica. “E com este elemento
material - a água - entra não somente um elemento fundamental do cosmo, uma
matéria fundamental criada por Deus, mas também todo o simbolismo das
religiões, porque em todas as religiões a água tem algo a dizer”. Bento XVI
lembrou ainda que a água simboliza fonte, é a origem de toda a vida. “Cada vida
vem também da água, da água que vem de Cristo como verdadeira vida nova que nos
acompanha até a eternidade”. Em relação à palavra, o bispo de Roma ressaltou
que, por ela se apresentar em três elementos - renúncia, promessa, invocação -,
é importante que seja mais que palavra, que seja um caminho de vida. O sumo pontífice
enfatizou que hoje conhecemos um tipo de cultura que aparentemente quer mostrar
a verdade, mas acaba contando “somente a sensação e o espírito de calúnia e
destruição”. Aí está uma renúncia que se faz no batismo. “Contra esta cultura,
na qual a mentira se apresenta na veste da verdade e da informação, contra esta
cultura que busca somente o bem-estar matéria e nega Deus, dizemos ‘não’” (2).
Por
fim, Bento XVI citou dois questionamentos que costumam vir à tona quando se
fala em Batismo: se seria necessário fazer o caminho catecumenal para chegar a
um Batismo realmente realizado e se podemos impor à criança a religião que ela
quer viver ou não. O papa explicou que o Batismo não é uma escolha como outra
qualquer. Ele lembrou, por exemplo, que a própria vida é dada sem que ninguém
escolha se quer viver ou não. “Então, o Batismo das crianças não é um algo
contra a liberdade, é justamente necessário isso, para justificar também o dom -
anteriormente discutido -, da vida. Somente a vida que está nas mãos de Deus,
nas mãos de Cristo, imersa no nome do Deus Trinitário, é certamente um bem que
se pode dar sem escrúpulos. E assim, somos gratos a Deus que nos deu este dom,
que nos doou nós mesmos”, enfatizou o pontífice (2).
As
palavras do nosso papa nos ajudam a ter uma clara compreensão da importância do
Batismo. A vida é dom de Deus e ela vem não por vontade do homem e da mulher,
mas vem de Deus. Por isso deve ser preservada. No mundo plural em que vivemos,
muitas meias verdades são ditas como se fosse verdade inteira. Sabemos que a fé
que recebemos vem da gratuidade de Deus por nós. Nossos pais são os primeiros
educadores da fé e assumem esse compromisso na igreja, onde as crianças são
batizadas. Se pudermos aprender tanta coisa com eles, sem menosprezar a liberdade
de escolha, o batismo da criança também pode ser levado em questão quando
queremos o melhor para a criança. Então o batismo é uma graça para todos que
querem estar com Deus sempre. Se dissermos sim a Deus, porque amamos a vida e
vamos denunciar tudo que vem contra ela, então, confirmaremos que a verdade de
Deus é luz para os nossos caminhos que vão levar à vida eterna em abundância
para todos (1).
Amém!
(1) José
Benedito Schumann Cunha
Bacharel em
Teologia
12-06-2012
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