A
família é a célula-mãe da sociedade. Sem ela, vamos encontrar o caos social,
moral, ético, religioso e político. A família é querida por Deus. Sendo ela importante,
é preciso uma atenção muito especial do Estado, da Igreja e das instituições.
Na família, as nossas crianças recebem os primeiros cuidados, a educação, o
respeito aos valores tanto familiares, como os de cidadania e da própria
religião.
Jesus
nasceu em uma família. Lá aprendeu tudo: a educação, a oração em família e na
sinagoga, o trabalho e pôde depois dar, com muita precisão, um elogio à sua
formação, quando diz: minha mãe e meus “irmãos” (parentes) são todos que ouvem
a palavra de Deus, cumprem os mandamentos e obedecem a Deus (cf. Lc 8, 19-21).
É nas pequenas coisas que se fazem as grandes. O amor, a partilha, a ajuda
mútua, o perdão e a prática da justiça fazem eco dentro da família e refletem
em todos os lugares (1).
Depois
de se reunir com os jovens crismandos neste sábado (02), o santo padre, o papa
Bento XVI, teve um breve encontro com o cardeal Carlo Maria Martini, arcebispo
emérito da Igreja Ambrosiana. Já às 17h (horário local), o santo padre dialogou
com representantes das diversas autoridades institucionais, civis e militares,
empresários e trabalhadores do mundo da cultura e da educação da sociedade
milanesa e lombarda.
No
encontro, o sumo pontífice se utilizou de alguns ensinamentos de Santo Ambrósio
para falar da importância da justiça e do amor no governo de uma nação (2).
O
papa recordou que Santo Ambrósio disse uma vez que “a instituição do poder deriva tão bem de Deus que aquele que a exerce é
ele mesmo um ministro de Deus” (Expositio
Evangelii secundum Lucam IV, 29). Essas palavras, de acordo com o papa,
indicam uma verdade central da pessoa humana, que é o fundamento próprio da
convivência social: o fato de que nenhum poder do homem seja considerado
divino, de forma que nenhum homem é dono de outro homem.
BentoXVI
recorreu ainda a outros dois ensinamentos de Santo Ambrósio no que diz respeito
às qualidades da pessoa que governa: a justiça e o amor à liberdade. O pontífice
explicou que a justiça é uma virtude pública por excelência, porque diz
respeito ao bem de toda a comunidade, mas enfatizou que isso não é o suficiente
e é aí que entra o amor à liberdade, considerado por Santo Ambrósio como
essencial para classificar um líder como bom ou mau.
“Liberdade não
significa arbítrio do indivíduo, mas implica a responsabilidade de cada um.
Está aqui um dos elementos principais da laicidade do Estado: garantir a
liberdade para que todos possam propor sua visão da vida comum, sempre no
respeito ao outro e no contexto das leis que buscam o bem de todos”, analisou o papa.
O
bispo de Roma continuou dizendo que o Estado é “serviço e tutela da pessoa e seu bem estar”, a começar pelo
direito à vida. Dessa forma, percebe-se que a legislação e a obra das
instituições estatais devam estar, em particular, a serviço da família. “O Estado é chamado a reconhecer a
identidade própria da família, fundada sobre o matrimônio e aberta à vida, e
também o direito primário dos pais à livre educação e formação dos filhos, de
acordo com o projeto educativo considerado por eles válido e pertinente. Não
faz justiça à família, se o Estado não sustenta a liberdade de educação para o
bem comum da sociedade”, considerou Bento XVI.
Ao
citar esse papel do Estado diante dos cidadãos, o santo padre lembrou a
colaboração com a Igreja nesse processo, não no sentido de confundir as
atividades de ambos, mas para ver a contribuição que a Igreja ofereceu e pode
oferecer para a sociedade com sua experiência, doutrina, tradição, instituições
e suas obras com as quais se coloca a serviço do povo.
Antes
de conceder sua Bênção Apostólica aos presentes, o papa citou o convite de
Santo Ambrósio para que todos aqueles que queiram contribuir com a
administração pública o façam com amor. Da mesma forma, governar com a razão,
que move e estimula a atuação na vida pública e só pode ser a vontade de
dedicar-se ao bem dos cidadãos. “Assim,
a política é profundamente enobrecida, tornando-se uma elevada forma de
caridade”, destacou. Depois do encontro com as autoridades civis, Bento XVI
seguiu para a Festa dos Testemunhos, no Parque de Bresso.
Com
as palavras do nosso papa, percebemos que o Estado deve zelar, com amor, pelas
coisas públicas na prática da caridade e não deve se fechar em seus próprios
interesses (particularizados).
Que
a caridade seja a matiz de toda ação política que vise o bem de todos. A vida e
os valores da família não podem ser colocados em segundo plano, pois correm o
risco de desmoronar todo o edifício ético e moral da sociedade.
A
Igreja sabe do seu papel de evangelizar. Ela colabora com as instituições que
valorizam a família, a vida e a educação. O estado tem o seu papel de
administrar bem as coisas públicas e dar garantias para o exercício democrático
de todas as instituições.
Cada
governante eleito democraticamente deve servir a todos, sem privilégios ou
regalias para alguns setores. Todos são responsáveis para o bem comum e ajudam
na construção de uma sociedade fraterna, humana e justa para todos (1).
(1) Reflexão
feita por
José Benedito
Schumann Cunha
Bacharel em
Teologia
02-06-2012
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