POR Maria Emília Marega
Por que uma Marcha pela Vida no Brasil? Quem está organizando? Para responder a essa e outras perguntas a Agência de Notícias Zenit, o Mundo Visto de Roma, conversou com a professora do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB), Lenise Garcia. Ela ainda integra a Comissão de Bioética da Arquidiocese de Brasília (DF) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), além de presidir o Movimento “Brasil Sem Aborto”.
Por que uma
Marcha pela Vida no Brasil?
Porque são
muitas as ameaças concretas de implementação do aborto em nosso país, às quais
precisamos reagir. E porque a população do Brasil é a favor da vida, mas nem
sempre se mobiliza para manifestar isso, e é importante que as autoridades
percebam os desejos e convicções do povo brasileiro.
Quais são os
objetivos que vocês pretendem alcançar?
Acelerar a
tramitação e chegar à aprovação do projeto de lei 478/2007, chamado Estatuto do
Nascituro, que explicita os direitos da criança ainda não nascida. Além disso,
colocar a nossa opinião contra outros projetos em tramitação ou que vão começar
a tramitar e que vão contra a sua dignidade.
Quais são as
ameaças para as mulheres e quais os projetos legislativos que mais preocupam?
Está sendo
proposta uma reforma do Código Penal Brasileiro. Para isso, uma comissão de
juristas está concluindo uma pré-proposta que será apresentada ao Senado, e que
traz mudanças significativas que liberam o aborto em diversas condições, e
também a eutanásia. Por exemplo, autoriza o aborto até a 12ª semana caso o
médico considere que a mulher não tem condições psicológicas de ser mãe. Além
disso, o Ministério da Saúde está financiando estudos de uma política de “redução
de danos” que passaria pelo aconselhamento à mulher, que a oriente sobre os
melhores modos de abortar na ilegalidade. Como pode o Estado ser cúmplice de um
crime? Para justificar a iniciativa, inflam-se os números de mortes maternas
ligadas ao aborto clandestino, quando os próprios dados oficiais indicam que
não passam de 100 por ano e estão em declínio.
Mãe amamenta seu bebê durante audiência pública do Brejo dos Crioulos de São João da Ponte, Varzelândia e Verdelândia no dia 26 de novembro de 2008 às 14 horas e 09 minutos, na Câmara Municipal de Montes Claros, Norte de Minas Gerais, Sudeste do Brasil
Quem está
organizando a Marcha?
O Movimento Nacional
da Cidadania pela Vida “Brasil Sem Aborto”, que é um movimento suprapartidário
e supra-religioso, que reúne as diversas entidades e iniciativas que lutam em
favor da vida no Brasil. Esta já é a 5ª Marcha em Brasília (DF) e tem havido
também manifestações em vários Estados nos últimos anos.
Quem irá
participar? Outras associações, grupos...
Como o
Movimento “Brasil Sem Aborto” não é propriamente uma associação ou entidade,
podemos considerar que todos os participantes estão sob o mesmo guarda-chuva.
De qualquer modo, temos representatividade das principais organizações religiosas,
como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Federação Espírita
Brasileira (FEB), Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (Fenasp),
Legião da Boa Vontade (LBV) e também de entidades civis, como a Rede Brasileira
do Terceiro Setor (Rebrates).
Quantas
pessoas vocês esperam?
Acho difícil
fazer previsões, mas, em manifestações anteriores, temos tido entre 10 e 20 mil
pessoas.
Vocês estão em
contato e contam com o apoio ou a participação de representantes dos movimentos
europeus e de outros lugares do mundo?
Temos contato
com vários movimentos internacionais, mas não propriamente uma participação
deles. Trocamos informações pela internet, e já tivemos importantes
contribuições técnicas, por exemplo, nos debates sobre o uso de células-tronco
embrionárias e sobre o aborto do anencéfalo, no Supremo Tribunal Federal. Estamos prevendo intensificar essas
interações.
De que maneira
os outros movimentos pela vida podem colaborar com o direito, a justiça de
vocês?
Penso que
podemos ter estudos conjuntos, e também aprender uns com a experiência dos
outros. Compreender melhor, de forma conjunta, as implicações da política
internacional e as pressões que sofremos de fora.
A Rio+20 altera
alguma coisa no cenário mundial em favor da vida?
Há muito tempo
os movimentos pró-vida denunciam a pressão internacional para que o aborto seja
aprovado no Brasil e em outros países, contra as convicções de suas populações.
Essa pressão ficou evidente durante a Conferência Rio+20. Ela não se reduz ao
debate de ideias, mas se expressa no grande financiamento de entidades
estrangeiras a grupos que defendem a legalização do aborto. Esses grupos dizem
falar em nome das mulheres, mas o fato é que a mulher brasileira valoriza a
vida desde o seu início, ama a maternidade, e não vê contradição entre defender
os seus direitos e os dos seus filhos. Felizmente o termo “direitos
reprodutivos”, eufemismo para significar o aborto, ficou fora do documento final.
Se o grande objetivo do desenvolvimento sustentado é preservar o direito das
gerações futuras, como incluir a possibilidade de tirar-lhes o maior dos
direitos, a própria vida?
FONTE DESTA
ENTREVISTA
ENVIADA POR
José
Benedito Schumann Cunha
Bacharel
em Teologia
Nenhum comentário:
Postar um comentário