Uma das definições sobre o perdão que mais aprecio é a que li “pixada’ em um muro, aliás lastimo tê-la lido nestas condições, que diz: “Perdoar é recordar com amor!”. Em complemento, há outra que diz que quando a pessoa não perdoa e escolhe odiar, toma um veneno mortal e fica esperando que faça efeito no outro.
Perdoar não é esquecer o mal recebido,
mas ficar livre internamente do inimigo, dispensando o ódio e escolhendo a
benevolência. Trata-se de preferir ficar livre do mal recebido e vivenciar a
paz em nosso coração. Claro que isto não é fácil. Por isso o reconhecemos como
um ato heroico e exigente, mas é possível e salutar.
O perdão, como uma escolha heroica e
livre, difere dos sentimentos sobre os quais não temos liberdade de escolha,
pois surgem espontaneamente em nossos corações. Nossa área de liberdade, quando
falamos em sentimentos, refere-se à escolha que podemos fazer entre várias
possibilidades. Por exemplo, podemos não nos simpatizar com uma pessoa, não
gostar dela, mas podemos escolher ser justos com ela, ou não; podemos lhe
desprezar, ou não.
O perdão é transcendente! É natural que
a pessoa rejeite o mal e seus danos causados por algum inimigo. Não tem porque
se gostar disto, mas, se ela escolhe o caminho do ódio e da vingança,
acrescentará mais sofrimento à tirania recebida e se embriagará do veneno da
mágoa - “má - água”. Escolher trilhar por aqui fará com que, inevitavelmente,
caia na prisão, no imenso peso de “carregar” dentro de si o seu algoz!
Internamente entrará no círculo vicioso, maligno e sem saída de atualizar e
reatualizar incessantemente a crueldade recebida.
Fará a experiência de viver o inferno,
aqui mesmo na Terra, o do ressentimento (? re + sentir). Sentirá a dor
novamente e novamente até não acabar mais: o famoso “beco sem saída!”. Agora
raciocine comigo: tudo isto não será gerador de doenças psicossomáticas? É
claro que sim! Não há resistência humana que suporte tanto sofrimento. Jesus
que é a própria Sabedoria, conhecendo o caminho que desemboca nas trevas, nos
orienta a desviarmo-nos radicalmente deste e percorrer o caminho do perdão, com
Sua ajuda. É como se Ele sussurrasse ternamente aos nossos ouvidos: “Fiquem
livres de vossos inimigos. Perdoem! Entreguem-nos para Mim!”.
Confira esta verdade na Bíblia,
mencionadas várias vezes, como por exemplo, em Pv 20, 22 e Dt 32, 35. Compete a
nós, para nosso próprio bem: amar e a Deus: tomar conta daqueles que nos odeiam
e nos fazem mal! Ufa! Pensemos e experimentemos o alívio das toneladas
retiradas de nossas costas se confiarmos neste Poder do Amor que Deus tem por
nós e... por nossos inimigos; dos quais também espera a conversão!
“Não acreditemos no ódio”, nos diz Santa
Rita de Cássia.
“Acreditemos no amor”, 1 Jo 4, 16
Saúde e paz para todos.
Conceição Valente é
psicóloga, graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da
Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto/SP. É especialista em
Logoterapia.
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