POR Breno Gonçalves
Você já foi a uma praça pública nestes tempos pós-modernos? Acredite,
mas o amor verdadeiro está mais presente ali do que nos ambientes particulares
e no dia-a-dia. Um jovem anda de skate. Escuta Bob Marley. A maresia está no
ar. As pessoas conversam. Um casal de namorados se abraça e beija-se em plena
praça pública. Um adolescente leva o pai com acidente vascular cerebral para
passear. O patriarca relembra histórias municipais. Outro casal é levado pelo
cachorro para tomar um ar menos impuro. Um outro indivíduo lê jornal. A cachorrada
manca espalhada pela cidade sente o faro de restos de comida nas gramas da
praça, antes que o calazar volte à tona. O amor está no ar na noite escura e
solitária.
A maioria que está ali não liga se o dinheiro acabou. Sente apenas o
clima bom e afetivo. A praça está de frente a um hospital. A todo instante,
famílias passam por ali com o semblante de preocupação. Algumas quebram o
protocolo e oferecem uma saudação de boa noite. Outras, engessadas na rotina
maçante da sociedade contemporânea, simplesmente transitam... Mas o amor está
no ar na praça pública na solidão do centro da cidade. Podem se beijar e se
abraçar à vontade. O amor em público é muito mais bonito.
Breno Gonçalves é terapeuta
ocupacional. Exerce o ofício no Centro de Apoio Psicossocial (Caps) no Belém,
do Pará.
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