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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Réquiem de Verdi

“Um grito a Deus diante da morte” (Bento XVI)

por José Benedito Schumann Cunha
jbscteologo@gmail.com

No dia 19/10 último, no Vaticano, teve um concerto para o papa. A música nos inspira e nos eleva o nosso espírito para Deus. A vida humana é marcada da esperança na ressurreição que trouxe Jesus Cristo. A nossa vida é escondida na verdadeira vida que vem de Deus. O ser humano não pode duvidar desta certeza da vitória da vida sobre a morte. A morte é passageira e esta verdade deve nortear a nossa vida na beleza da música que suaviza a brevidade desta vida na terra.

“Um momento de verdadeira beleza, capaz de elevar o espírito”. Foi dessa forma que Bento XVI avaliou a “excelente” interpretação do Réquiem de Verdi, no último sábado à tarde no Vaticano, pelo maestro Enoch Zu Guttenberg na direção do Coral de Neubeuern e da orquestra Klang-Verwaltung. O papa se dirigiu à assembleia depois do concerto, em alemão e italiano, para agradecer ao diretor da orquestra e aos músicos, e para se referir aos sentimentos expressados nesta extraordinária obra de Giuseppe Verdi, que chegou a se definir como “um pouco ateu” (www.zenit.org em 23-10-2010).

O Pontífice, no entanto, vê nesta obra “um grande apelo ao Pai eterno, na tentativa de superar o grito de desespero diante da morte”. Verdi expressa “todo um leque de sentimentos humanos diante da morte”, observou. O papa recordou que Verdi (1813-1901) compôs esta Missa de Réquiem em 1873, por ocasião da morte do escritor Alessandro Manzoni, a quem Verdi admirava e por quem tinha uma espécie de veneração. “No espírito de grande compositor”, explicou o papa, esta obra deveria ser o cume, o momento final da sua produção musical” (www.zenit.org em 23-10-2010).

“Não era somente uma homenagem a um grande escritor, mas também a resposta a uma exigência artística interior e espiritual que a confrontação com a estatura humana e cristã de Manzoni havia suscitado nele”. Para o pontífice, a Missa de Verdi reflete uma visão trágica dos destinos humanos, sobretudo quando se trata da realidade ineludível da morte e da questão fundamental da transcendência, em um gênero musical em que o artista já não deve se preocupar em por em cena.

“Livre dos elementos da cena, Verdi exprime, somente com as palavras da liturgia católica e com a música, o leque de sentimentos humanos diante do final da vida, a angústia do homem frente à sua fragilidade natural, o sentimento de rebelião diante da morte, o desconcerto no limiar da eternidade” (www.zenit.org em 23-10-2010).

Em seu discurso, o papa citou uma carta de Verdi ao editor musical Ricordi, na qual o músico se definiu como “um pouco ateu”. Mas quando escreve esta Missa, destacou Bento XVI, é como “um grande apelo ao Pai, em uma tentativa de superar o grito de desespero diante da morte, para reencontrar a aspiração à vida que se torna oração silenciosa e do coração: Libera me Domine”. Verdi descreve também, segundo o Papa, “o drama espiritual” do homem frente a Deus, a quem aspira no mais profundo de si mesmo e unicamente em quem pode encontrar a paz e o repouso.

Neste sentido, Bento XVI citou a famosa frase das “Confissões” de Santo Agostinho. “Nosso coração está inquieto enquanto não descansa em Ti” (www.zenit.org em 23-10-2010). A qualidade das vozes e da técnica vocal, do coral e dos solistas, foi um dos pontos fortes desta interpretação musical, sob a batuta de um diretor de orquestra de renome insuperável, cujo talento está acompanhado de sensibilidade e temperamento (www.zenit.org em 23-10-2010).

Estas palavras sábias do nosso papa Bento XVI nos fazem transcender o nosso espírito, em gratidão a Deus. Ele é fundamento de nosso existir. A nossa existência nos aproxima do Deus da Vida que nos dá sempre o bem e nos dá a certeza que devemos estar em comunhão com Deus e com todos. A humanidade se transforma na medida em que valoriza o dom da vida e consola na morte por causa da vitória de Cristo sobre esta última estância da nossa existência no mundo. Viva a vida, de modo que a fé na Ressurreição de Cristo nos alimente a esperança que salva e, no amor, que provem de Deus.


Bacharel em Teologia pela Pontificium Athenaeum S. Anselmi de Urbe (Roma/Itália) e Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), José Benedito Schumann Cunha é engenheiro. Tem ainda formação em História e Pedagogia. Nasceu em 03 de abril de 1957, em Cristina, Minas Gerais. Atualmente mora em Itajubá (MG). Além de colaborar com o Blog da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Arquidiocese de Montes Claros, ajuda na Pascom da Paróquia São José Operário de Itajubá. Preside também Celebração da Palavra nesta Paróquia e em algumas paróquias vizinhas. Já esteve, por dois meses e meio, experimentando a vocação religiosa.

Texto pensado, produzido e escrito em 23 de outubro de 2010

ACESSE
www.zenit.org

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