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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Papa explica relação entre silêncio e palavra na comunicação

por José Benedito Schumann Cunha
jbscteologo@gmail.com

Queridos irmãos e irmãs,

Deus nos fala de muitos modos e nos revela o seu plano de Salvação. Ele falou através dos profetas, dos apóstolos, dos mártires e da vida dos Santos. A ação de Deus extrapola o tempo e ilumina o nosso presente. Deus é amor. Ele nos educa nos fatos de nossa vida. Ele se manifesta na brisa suave, na noite e no silêncio do nosso interior. Precisamos abrir o nosso coração a Deus, de modo que Ele possa agir em nós.

Não se deve procurar Deus no caos e no barulho. Ele é a simplicidade que se manifesta a todo momento a nós. O mundo carece de momentos de silêncio para que a Palavra de Deus penetre no nosso ser e em todos. A comunicação se faz de muitos modos, mas é preciso que haja o diálogo, uma fala, outro ouve e vice-versa. Esta é a dinâmica da comunicação. Não é o artefato da comunicação que vai dar a medida certa para que aconteça a verdadeira comunicação, mas é preciso a humildade e a vontade de se comunicar a ideia e respeitar os limites de cada um (1).

Em Coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé durante apresentação da Mensagem do santo padre, o papa Bento XVI, para o 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais, na manhã de terça-feira (24/01), Dia de São Francisco de Sales, às 11h e 30min (Horário de Roma), a Mensagem do sumo pontífice foi apresentada pelo presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, dom Cláudio Maria Celli.

Na mensagem, explica o presidente do órgão vaticano, Bento XVI busca fazer uma reflexão sobre a cultura da comunicação social, oferecendo sugestões aos homens de hoje e orientações para as ações pastorais da Igreja (2).

“Nos últimos anos, o papa esteve muito atento aos processos e às dinâmicas da comunicação, especialmente no contexto da transformação cultural originada dos desenvolvimentos tecnológicos”, salienta dom Celli.

Neste ano, o santo padre dirigiu uma atenção especial no que ele chama de “elementos clássicos” da comunicação: o silêncio e a palavra, algo que, segundo ele, se torna mais importante na cultura digital.

Dom Celli esclarece que o silêncio não é a falta de comunicação. Ele faz parte do fluxo das mensagens e informações que caracteriza a nova cultura da comunicação. “Nesta mensagem [do papa], encontramos uma reflexão humana profunda sobre a importância do silêncio ao coração da comunicação. O silêncio fala, o nosso silêncio pode exprimir a proximidade, a solidariedade e a atenção aos outros”, explica.

Bento XVI mostra que o silêncio é um modo forte de expressar o respeito e o amor para com os outros. No silêncio, é possível escutar o outro, dando prioridade à palavra do outro (2).

“O silêncio reforça o relacionamento, as ligações entre duas pessoas. No silêncio, consigo compreender quem é o outro e assim encontro a mim mesmo. O silêncio serve para refletir, para pensar, para avaliar e julgar a comunicação. É o silêncio que nos ajudar a ver”, explica o presidente do dicastério das comunicações.

No contexto atual, em que a sociedade vive emergida num grande fluxo de comunicação, o silêncio acaba se tornando ainda mais importante. Dom Celli ressalva que, na cultura de hoje, é um risco não escutar os questionamentos do outro e ainda impor respostas pré-fabricadas. “É no silêncio que posso oferecer aquele diálogo com aquele que faz a pergunta e com aquele que busca responder. Isso existe um diálogo, uma interatividade e uma verdadeira busca da verdade”, afirma o arcebispo (2).

O pontífice sugere que, ao centro deste fluxo de questionamento, existe uma pergunta fundamental que é a busca da Verdade e dali nasce, de novo, a importância do silêncio como o lugar privilegiado onde o homem se encontra diante de si mesmo e diante de Deus. “O papa explica como o silêncio e a solidão são fundamentais em todas as grandes religiões, como lugares de encontro com o Mistério”, reforça dom Celli.

Na mensagem, Bento XVI desenvolve um pensamento sobre a importância do silêncio na missão da comunicação da Igreja e dos cristãos, oferece uma meditação sobre o “silêncio comunicativo de Deus” (2).

“O Deus da revelação bíblica fala também sem palavras: ‘Como mostra a cruz de Cristo, Deus fala também por meio do seu silêncio’. No silêncio da Cruz, fala a eloquência do amor de Deus vivido até ao dom supremo”, diz o papa citando um trecho da Exortação Pós-sinodal Verbum Domini. Esta passagem mostra que o homem descobre, no silêncio, a possibilidade de falar com Deus e sobre Deus, e este silêncio se torna contemplação.

Porém, explica o papa, esta contemplação silenciosa não é estática. Ela permite ao homem fazer sua própria dinâmica antropocêntrica do amor divino. “A contemplação silenciosa faz-nos mergulhar na fonte do Amor, que nos guia ao encontro do nosso próximo para sentirmos o seu sofrimento e lhe oferecermos a luz de Cristo”, diz Bento XVI em sua mensagem.

Dom Celli ressalta que, como é típico do papa Bento XVI, ele consegue, com poucas palavras, iluminar e ajudar a compreender as misteriosas dimensões do relacionamento entre a contemplação e o apostolado. “É deste Mistério que nasce a missão da Igreja, e é este Mistério que impele os cristãos a tornarem-se anunciadores de esperança e salvação, testemunhas daquele amor que promove a dignidade do homem e constrói a justiça e a paz”, escreve o papa aos comunicadores.

Bento XVI dedica ainda, no final de sua mensagem, um pensamento sobre a educação à comunicação, salientando que é preciso “aprender a escutar, contemplar, mais que falar”, e recorda, especialmente aos evangelizadores, que “silêncio e palavra são ambos elementos essenciais e integrantes da ação comunicativa da Igreja para um renovado anúncio de Jesus Cristo no mundo contemporâneo” (2).

As orientações para celebrar o 46º Dia Mundial das Comunicações são oportunas e nos leva a uma reflexão que dá as matizes do agir do cristão. Se quisermos comunicar Deus na nossa vida aos outros, é preciso que nos libertemos de certos paradigmas que a sociedade moderna criou. O materialismo e o capitalismo têm demonstrado algumas vertentes que distanciam as pessoas para uma boa comunicação que leve em conta a pessoa humana.

Não se deve perder de vista a liberdade de expressão e o respeito pela individualidade da pessoa na sua cultura, na sua religião e nas concepções filosóficas e políticas das pessoas e das nações.

Se quisermos ser bons comunicadores devemos ser bons ouvintes para que o diálogo e o respeito sejam valorizados nas relações humanas.

Que o Deus da Vida, que comunica conosco sempre, esteja em cada um que queira implantar o Reino de Amor, Justiça e Fraternidade entre nós.

Amém! (1)


(1) > Reflexão do teólogo José Benedito Schumann Cunha 24-01-2012
(2) > www.cancaonova.com

Bacharel em Teologia pela Pontificium Athenaeum S. Anselmi de Urbe (Roma/Itália) e Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), José Benedito Schumann Cunha é engenheiro. Tem ainda formação em História e Pedagogia. Nasceu em 03 de abril de 1957, em Cristina, Minas Gerais. Atualmente mora em Itajubá (MG). Além de colaborar com o Blog da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Arquidiocese de Montes Claros, ajuda na Pascom da Paróquia São José Operário de Itajubá. Preside também Celebração da Palavra nesta Paróquia e em algumas paróquias vizinhas. Já esteve, por dois meses e meio, experimentando a vocação religiosa.


Foto de José quando ministro do Batismo

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