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"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

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quarta-feira, 10 de março de 2010

Protesto no Grande Maracanã termina com Hino Nacional

Acabou agora a pouco, por volta das 20h, debaixo de muita chuva, manifestação na Praça Beato Francisco Coll, Bairro Maracanã, MOC, em frente à Igreja Matriz da Paróquia Nossa Senhora de Montes Claros e Beato José de Anchieta. Provenientes da Vila Greice, Santo Inácio, São Judas Tadeu, dentre outros bairros da cidade, os cerca de 80 manifestantes começaram a chegar a partir das 16h e 30min. Com faixas que reivindicavam melhor transporte público coletivo urbano para os contribuintes deste município, moradores do Grande Maracanã, estudantes e agentes de pastorais e movimentos sociais desejavam apenas “transporte coletivo de qualidade e tarifa justa”. ”Merecemos respeito”, assinava a Paróquia Nossa Senhora de Montes Claros e Beato José de Anchieta.



Em um dado momento da manifestação, três linhas de ônibus foram paradas. As duas primeiras foram liberadas para seguir o seu percurso diário. Mas, como ensina o ditado popular, um é pouco, dois é bom e três é demais. A terceira linha que passou, e que serve o Grande Maracanã, foi bloqueada pelos mobilizadores populares por volta das 18h e 30min. Cantos de liberdade, de fé e de vida eram entoados pelos manifestantes a todo instante contra, sobretudo, o projeto “Integração Temporal no Transporte Coletivo Urbano”, implantado recentemente na cidade. Um palanque do trabalhador e da trabalhadora foi improvisado debaixo do ponto de ônibus. Ali os participantes confrontavam o aumento abusivo do vale-transporte que, desde o dia 13 de abril de 2009, está em R$ 1,90. Antes a lotação em MOC era R$ 1,55.



O Ministério Público de Minas Gerais já provou que este aumento na tarifa descumpre a legislação específica sobre o tema. E há indícios de que a atual administração municipal subirá, ainda este ano, o preço da passagem da lotação para R$ 2,40. Este protesto na Praça do Maracanã transcorria sem maiores atropelos e terminou sem dificuldades. A linha de ônibus foi liberada mais ou menos às 20h. Pena que a Polícia Militar sempre tem que fazer o papel dela de protetora do Estado e cumpridora de uma ordem pré-estabelecida, que é legal, mas não é legítima. Aos poucos, durante o protesto, policiais militares iam também ocupando o cenário da manifestação com seus carros oficiais de sirenes vermelhas acesas para uma possível intimidação e dispersão dos populares. Bem no final desta ação sociável, pois atraía a curiosidade de outras pessoas da região, de repente chega a Tropa de Choque do Governo do Estado de Minas Gerais.

O automóvel das Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) fortalece os guardas com escudos e outras armas. Os manifestantes já haviam encerrado o ato e guardavam os equipamentos de som que foram levados para o local. Para demonstrar autoridade, os policiais militares se enfileiram de modo a tomar conta da rua e iniciaram uma espécie de desfile. O jeito foi as pessoas, que ainda se encontravam na praça, cantar o Hino Nacional Brasileiro para os militares, em uma cena bem mais bonita do que qualquer Desfile da Independência. Não se sabe se essa é uma prática simbólica ou costume cultural dos militares se perfilarem e marcharem para a população. Se fosse dentro do quartel, seria melhor e menos constrangedor. A sensação que fica é que militares estão a serviço de um determinado patrão: o Estado. E este está cada dia mais divorciado, se algum dia houve casamento, dos trabalhadores e das trabalhadoras desta nação.



Esta fase confusa que o País atravessa exige muita sabedoria para autoridades e movimentos sociais. Mas, desta vez, os movimentos sociais venceram. Terminar uma manifestação cantando, em coro, o Hino Nacional e, em plena praça pública, foi uma maneira irônica de dizer que a credibilidade das autoridades anda baixa, e muito baixa. Neste protesto do Bairro Maracanã, nenhuma emissora de rádio ou de televisão pôde comparecer. Talvez porque possuam poucas equipes de reportagem para cobrirem a infinidade de ações contra a atual administração municipal que começam a surgir timidamente pela cidade.

Refletir a realidade social é preciso. E se a população estiver com qualidade de vida digna, a análise fica mais fácil. E literalmente sob as bênçãos de Nossa Senhora de Montes Claros e Beato José de Anchieta, mais este protesto, incentivado pela Assembleia Popular, pôs fim a mais um capítulo da história, não muito cheia de flores, deste município norte-mineiro.


TEXTO joão renato diniz pinto

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