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domingo, 18 de julho de 2010

Homem Público

Wan-Dick: um exemplo a ser seguido

A história do Pintor de Simpatia Wan-Dick Dumont já foi devidamente “emoldurada”, quando a pena mágica, nas mãos ímpares de Maria Clara, deslizou sobre o papel, presenteando a todos com uma excelente obra bibliográfica. Mas, depois da missão cumprida, Deus chamou para si aquele que sempre o pertenceu, fazendo surgir a necessidade de reflexões sobre o legado que Wan-Dick nos deixa.

No dia 12 de maio [de 2006], nosso município ficou diferente. Foi um dia de luto geral. Parecia que havia falecido uma pessoa em cada família bocaiuvense. Um único homem teve o poder de provocar tal sentimento generalizado no momento de sua partida. Como disse Madre Tereza de Calcutá: “Quando morremos, levamos aquilo que doamos. O que ajuntamos, fica”.

Esse é o fruto do trabalho de um homem dotado de espírito público genuíno, verdadeiro. O homem público de verdade possui coração comunitário e vê o seu povo como “a junção de todos numa grande alma humana”. Sim, a sua visão é sempre coletiva, ampla, maior, e interage com tudo e com todas as pessoas. O homem público dotado com o espírito que habitava em Wan-Dick tem o seu prazer em atender o próximo, em amá-lo e em servi-lo. Dar o melhor de si em favor da comunidade, e receber de volta a alegria de ter sido útil a alguém. Esse era Wan-Dick Dumont.

Obviamente que, sendo um ser humano, Wan-Dick também possui falhas, mas o que se extrai sempre de suas atitudes são as suas retas intenções. A perfeição é somente um ideal a ser atingido, sob a ótica humana. Mas as boas intenções são frutos de um coração solidário, de uma alma universal. Por acaso alguém conhece algum inimigo dele? Ou, porventura, já o viu abrindo a boca para maltratar outro cidadão? Usando o posto para “rasgar” biografias ou destruir reputações? A resposta é única. É claro que não.

E não é o fato de ter sido Prefeito que fez dele um homem público. Mas justamente o fato de que sua conduta nunca mudou, nem antes, nem durante e nem depois de ser prefeito. De forma que, se nunca fosse prefeito, ainda assim seria portador de um excelente espírito público, e modificaria o meio em que viveu de uma forma ou de outra. Em Wan-Dick se cumpre a máxima de Madre Tereza de Calcutá: “O mundo depois de ti tem que ser melhor, porque tu viveste nele”.

Falei de homem público de verdade, porque, infelizmente, o mundo anda cheio de “homens públicos de mentira”. “Homens públicos” que se aproveitam das oportunidades para defender os próprios interesses, mesmo que isso possa significar a doença, o sofrimento e a morte de muitos outros. “Homens públicos de mentira” que usam dos cargos para serem servidos, nos quais predomina o espírito de egoísmo, materializado no fato de quererem tão somente para si aquilo que é de todos.

São “homens públicos com consciência de camundongo”. Mentirosos e enganadores, as suas atuações trazem inimizades, descrença, pessimismo dentre outras espécies de males. O resultado do trabalho deles é sempre o medo, o escândalo e a vergonha. Para esses vale a máxima do Barão de Itararé: “Nada é tão ruim que não possa ficar ainda pior”.

Como se vê, não cabe qualquer comparação entre os dois casos. Mas o perfil de Wan-Dick nos permite ver, com bastante facilidade, que a grande diferença entre a conduta do verdadeiro e do falso está no resultado das ações. Porque não é possível conceber um homem corrupto como sendo homem público. Um homem corrupto pode ser qualquer coisa: um politiqueiro, um arremedo de liderança, mas jamais será um homem público de verdade, nunca um estadista, ainda que venha a ocupar cargos e exercer mandatos.

Um homem corrupto é incompatível com o ter espírito público. Esta característica humana é revelada no prazer de servir, de se entregar em favor da comunidade. E não dá para ser homem público e ser corrupto ao mesmo tempo. Este último defende interesses pessoais. Ora, o corrupto é egoísta, retira da comunidade para si. O homem público, ao contrário, dá de si para a comunidade. Este serve ao cargo, e aquele se serve do cargo. Ora, uma coisa exclui a outra. Ou o sujeito é homem público ou é um homem corrupto, portanto, egoísta.

A biografia de Wan-Dick vai nos ajudar a distinguir um do outro. Foi em razão da presença do espírito público na vida de Wan-Dick que, no dia da sua partida, abateu-se sobre a comunidade o sentimento de que um pouco de cada um de nós tinha falecido. Sim. Wan-Dick nos impregnou com o seu espírito público de tal forma que passou a viver dentro de cada um de nós, como se fosse um membro de nossa família. Isso prova que, quando o amor e o respeito são verdadeiros, a amizade vira parentesco.

Servir pelo amor de servir. Esse é o exemplo e o maior legado que Wan-Dick nos deixa e sobre o qual precisamos refletir nestes dias difíceis, em que os valores estão invertidos. Trabalhemos para que, no dia de nosso falecimento, aconteça conosco algo semelhante ao que ocorreu com ele. Os homens de bem são assim: nos ensinam tanto quando morrem, tanto quando vivem. Parafraseando Fernando Pessoa, “a morte é uma curva que existe ao longo da estrada, onde o corpo pára, mas a caminhada continua”.

De forma que me vem à mente o que disse Confúcio: “Quando nasceste, todos riram e só tu choraste. Viva de tal forma que quando morreres todos chorem e só tu rirás”. Então, choremos; enquanto Wan-Dick sorri eternamente.


Ivanilton Robson Honório, 40 anos, é advogado, presidente da Associação de Consumidores de Bocaiuva, pós-graduado em marketing político e estudante da Escola de Formação de Fé e Política da Arquidiocese de Montes Claros. Será o monitor do subtema “Processo Eleitoral” do Eixo Político (Panã), com sede no Colégio Marista São José, do 6º Encontro Mineiro das Comunidades Eclesiais de Base, que acontecerá em Montes Claros de 22 a 25 de julho deste ano. Escreveu este artigo no dia do falecimento de Wan-Dick Dumont, para Ivanilton, “o maior prefeito da história de Bocaiuva, e homem Público, com ‘p’ maiúsculo”. O texto foi publicado nos periódicos bocaiuvenses por ocasião da morte de Wan-Dick, ocorrida em 12 de maio de 2006. Ivanilton Robson Honório está na Escola de Fé e Política Arquidiocesana pela Paróquia Senhor do Bonfim de Bocaiuva, Setor Sul Arquidiocesano, e foi indicado pelo Pároco local, Padre Antônio Brígido de Lima. Seu e-mail é i.honorio@yahoo.com.br.

> Nas imagens, Missa de Corpo Presente de Wan-Dick Dumont, presidida pelo então Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, Dom Geraldo Majela de Castro na igreja matriz da Paróquia Senhor do Bonfim de Bocaiuva, durante a tarde de 14 de maio de 2006.

Um comentário:

Bacharel em teologia Jose Benedito Schumann Cunha disse...

Homem como esse Wan-Dik, que acabei de conhecer por este artigo nos faz sentir que esse mundo há ainda pessoas que fizeram a diferença e melhoraram a face da Terra. O exemplo desse homem deve ser seguido e assim o mundo fica melhor. Agora ele está no céu onde é morada dos justos e na eternidade com Deus intercede por nós para que sejamos melhores cada vez mais e não tenhamos medo de ser bom, etico e defensor da vida sempre. Teologo Schumann