Em sua edição dos dias 02 e 03 de novembro de 2017, o “Jornal de Notícias” de Montes Claros-MG traz na página 03 (Editoria de Política) e na página 04 (Editoria JN Serviço) os dois lados opostos da moeda tão brilhantemente definidos pelo genial escritor Machado de Assis: “O Brasil Real é Bom: revela os seus melhores instintos. O Brasil Oficial é Caricato e Burlesco”.
Na página 03, com imagem da deputada federal Raquel Muniz, os gigolôs da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) voltam à tona, quando começa o período de chuvas no Norte de Minas Gerais. Fazia tempo que não chovia em um dia de finados na região, e choveu. Sob o título “Região exige solução para crise hídrica” e subtítulo “Audiência na Câmara dos Deputados discute os rigores da seca no semiárido mineiro”, a matéria, provavelmente paga, vem ocupar um quarto de página do “Jornal de Notícias”. Leia, abaixo, na íntegra.
Autoridades de Minas Gerais revelam quadro caótico da crise hídrica no estado e cobram soluções. A audiência pública conjunta da Comissão de Seguridade Social e Família e da Comissão Externa da Situação Hídrica dos Municípios de Minas Gerais, nessa terça-feira (31) era para discutir o saneamento básico e qualidade da água, porém, a qualidade ficou para segundo plano, em função da quase absoluta escassez de água.
Representante da Secretaria Estadual de Cidades e de Integração do Governo de Minas Gerais, João Bosco Senra, definiu a atual falta de chuva como “anomalia de precipitação sem precedentes na história”. “Nos últimos 120 anos, desde que se iniciou o processo de medição, é a situação mais grave que já passamos. Um período contínuo de cinco anos de seca, sobretudo no semiárido. E também em outras regiões de Minas, como é o caso de Belo Horizonte, que, pela primeira vez na história, ficou mais de 100 dias sem nenhuma chuva”, informou.
O resultado da crise hídrica é a queda recorde nos reservatórios de abastecimento de água, com reflexo direto na qualidade de vida da população e no desenvolvimento regional. Ao todo 181 municípios decretaram estado de emergência devido à seca em Minas Gerais. A situação mais crítica está no Norte do estado, região semiárida, onde há áreas em processo desertificação.
Prefeito de Bonito de Minas e presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), José Reis de Barros, descreveu o quadro de caos. “É fato que estamos assistindo lá no ‘Grande Sertão’ - cantado em verso e prosa de Guimarães Rosa -, rios, veredas, riachos... todos eles morrendo. E nós vendo nada acontecer. E daí, o nosso pedido: que possamos tirar do papel diversos e diversos projetos”, afirma.
Segundo ele, os prejuízos com a seca chegam a R$ 4,5 bilhões, só no Norte de Minas. As medidas emergenciais do governo estadual e das prefeituras que incluem campanha de redução de consumo em 30%; estudos sobre rodízio, sobretaxa e racionamento; ampliação do programa de perfuração e reativação de poços, entre outras, não foram suficientes. Barros citou projetos ou barragens que não saem do papel há anos.
O deputado Adelmo Carneiro Leão, do PT-MG, prevê que a falta de recursos financeiros tende a piorar com a aprovação do teto de gastos públicos (EC 95/16). “Esse Congresso Nacional fez algo que é incompatível com o desenvolvimento do Brasil. Eu tenho uma esperança danada de que seja revogada a Emenda Constitucional 95, que inviabiliza os recursos necessários para fazer enfrentamentos dessa natureza”.
José Reis sugeriu que os parlamentares apresentem propostas que facilitem as licitações e as parcerias público-privadas em obras emergenciais contra a seca. Ele também pediu melhores condições de financiamento por parte do FNE-Água, o Fundo Constitucional do Nordeste, específico para projetos de uso sustentável da água, com a redução do atual juro de 8% para 2% ao ano, carência de 12 anos e prazo de 30 anos para pagamento.
Coordenadora da Comissão da Situação Hídrica de Minas Gerais e autora do requerimento para a audiência, a deputada Raquel Muniz, do PSD, também cobrou rapidez nas ações dos governos federal e estadual. “Temos feito o diagnóstico, mas também queremos ações. E todos vocês saem daqui com o compromisso de cada um fazer a sua parte. Se não tem recurso, há que se pensar também em uma abertura para parceria público-privada”, sugeriu.
Quanta hipocrisia da nobre deputada do “Sim! Sim! Sim!” que, em 2016, ajudou a alicerçar o golpe de Estado contra a presidente Dilma Roussef (2011-2016) e libertar das profundezas do inferno o vice-presidente da República, Michel Temer. A Sudene foi criada no governo de Juscelino Kubitschek em 15 de dezembro de 1959 e tinha as boas intenções do Brasil Real. Objetivava acabar com a putaria (perdoe-nos as putas) que virou o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) e que já foi chamado de Inspetoria de Obras contra as Secas (Iocs), em 1909. No entanto, no Brasil, o burlesco permanece contaminando o nosso podre tecido político público-estatal-privado dos piores vermes, vírus e bactérias capitalizados.
Vamos mencionar agora a matéria da página 04 do “Jornal de Notícias” destes dias 03 e 04 de novembro de 2017 e que nos faz crer na verdadeira esperança, na desparlamentarização do proletariado e naquele real marxismo clássico. A reportagem vem com três imagens de bairros de Montes Claros, Norte Sertanejo de Minas Gerais, de seres humanos com mãos, pés e fé calejadas. O versal indica: “COM AS PRÓPRIAS MÃOS”. O título escancara: “Moradores se juntam para resolver problemas crônicos”. E o subtítulo é esclarecedor: “Mutirão recuperou quadra poliesportiva e construiu uma praça no Nova Morada”. Segue abaixo a matéria completa. Conheça o Brasil Real de Machado de Assis e alegre-se por fazer parte dos descendentes do País chamados Canudos/BA, em 1896 e 1897.
Quando o poder público tarda, os próprios moradores colocam a mão na massa. No último final de semana, mutirão comunitário no Bairro Nova Morada recuperou quadra poliesportiva e revitalizou a praça da Igreja de Santo Agostinho e Santa Mônica (fotos acima), resolvendo problemas antigos. A iniciativa, apoiada pelo Instituto Holcim (Cimento Lafarge), reuniu mais de 130 voluntários, que executaram o trabalho em apenas dois dias. A nova praça tem espaço de lazer, jardim e brinquedos para moradores da região.
Moradora gostou
Albaniza Leal, de 47 anos, da associação de moradores e moradoras do bairro há mais de 20 anos, se surpreendeu com o resultado. “Foi um trabalho satisfatório, motivador, que trouxe muita alegria e esperança para a comunidade. Pudemos ver quantas pessoas talentosas temos ao nosso lado e que, juntos, somos capazes de transformar nosso bairro em um lugar melhor”, destacou, elogiando a iniciativa da Lafarge Holcim, que mobilizou o pessoal.
Linha férrea
Recentemente, moradores ao longo do trecho da linha férrea no Bairro São Judas Tadeu tomaram para si a incumbência de resolver definitivamente o problema de lixo e entulho no local, que perdurava por anos a fio: revitalizaram o espaço vazio (foto abaixo) que hoje serve apenas para as brincadeiras da criançada da vizinhança.
Esqueçam o poder público municipal, estadual e federal. Boicotem as taxas impostoras! Façamos de cada bairro uma Canudos/BA moderna. Sigamos o exemplo de Antônio Conselheiro que, traído pela esposa e pelo capitalismo, ao invés de recorrer à vingança, fundou o arraial que não fazia ninguém passar fome, ficar desempregado ou ter necessidade. O Leste da cidade sempre será o melhor lado, aquele em que o sol nasce!!! É onde a alvorada ocorre!
“Se nada somos neste mundo,/Sejamos tudo, oh produtores!”
E lembrem-se: nas eleições farsantes burguesas de 2018, votemos nulo, pois: “O Estado esmaga o oprimido./Não há direitos para o pobre,/Ao rico tudo é permitido./À opressão não mais sujeitos!/Somos iguais todos os seres./Não mais deveres sem direitos,/Não mais direitos sem deveres!/Bem unido façamos,/Nesta luta final,/Uma terra sem amos/A Internacional”.
E lembrem-se: nas eleições farsantes burguesas de 2018, votemos nulo, pois: “O Estado esmaga o oprimido./Não há direitos para o pobre,/Ao rico tudo é permitido./À opressão não mais sujeitos!/Somos iguais todos os seres./Não mais deveres sem direitos,/Não mais direitos sem deveres!/Bem unido façamos,/Nesta luta final,/Uma terra sem amos/A Internacional”.
Ah! Antes dos 10 anos, agora neste ano de 2017, ainda crianças, os estudantes da Escola Estadual Francisco Sá, no centro da cidade de MOC-MG, idealizaram, trabalharam e revitalizaram o canteiro público que existe no local e onde a rua é espaço para a prática da educação física. Portanto, não precisamos de parlamentares. A urgência é pelo espírito infantil humano e não da retórica falaciosa e ação perversa dos políticos.
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