“O Brasil real é bom, revela os seus melhores instintos. O Brasil oficial é caricato e burlesco.” (Machado de Assis)
Mobilizado pelo papa Francisco, o principal centro comercial de Montes Claros, no Norte Sertanejo de Minas Gerais, acolheu, durante a tarde quente da última segunda-feira (13/11), a 1ª Semana Mundial do Pobre, de 12 a 19/11. Desde as nove horas da manhã, operários se direcionavam à Praça Doutor Carlos para organizar a mostra da realidade social regional através de imagens fotográficas impactantes produzidas pelos missionários da Legião de Assistência Recuperadora/O Nosso LAR, da Pastoral Carcerária, da Pastoral da Terra, da Pastoral da Pessoa Idosa, da Pastoral do Menor, da Pastoral da Criança, da Sociedade São Vicente de Paulo, da Pastoral da Saúde, da Cáritas Arquidiocesana, todos reunidos no Setor Social da Arquidiocese de Montes Claros e no Setor Juventude Arquidiocesano.
Também se uniram às pastorais sociais o Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD), o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM), o Sindicato Único dos Professores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), o Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), o Regional Norte do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), dentre outros organismos, para reclamar a atual política reformista e conservadora da administração governamental federal brasileira. O evento contou com o apoio irrestrito da Prefeitura de Montes Claros. Poucos padres e diáconos compareceram à exposição. Segunda-feira costuma ser folga do clero.
Do Projeto “Evangelizando”, do Nosso LAR e militante da Pastoral do Menor, a voluntária Maria Aparecida Costa enche o peito e reivindica “saúde digna, educação, projeto pedagógico que atenda a ressocialização, estrutura de acolhimento adequada, cursos profissionalizantes, encaminhamento para o mercado de trabalho, atendimento humanizado” para saldar a dívida estatal com os adolescentes atingidos pela marginalidade e diminuir a violência do crime organizado que cada dia mais aumenta na cidade.
Houve também apresentações culturais do poeta Jason de Moraes com fantoches, da dupla Fabiana Lima e Bruno Andrade, e de outros grupos musicais. Fabiana Lima e Bruno Andrade cantaram na Praça Doutor Carlos a música “O Canto das Três Raças”, imortalizada na voz de Clara Nunes com letra magistralmente composta por Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro. A música revela toda a história do Brasil desde 22 de abril de 1500.
“Ninguém ouviu... Um soluçar de dor... No canto do Brasil... Um lamento triste... Sempre ecoou... Desde que o índio guerreiro... Foi pro cativeiro... E de lá cantou... Negro entoou... Um canto de revolta pelos ares... No Quilombo dos Palmares... Onde se refugiou... Fora a luta dos Inconfidentes... Pela quebra das correntes... Nada adiantou... E de guerra em paz... De paz em guerra... Todo o povo dessa terra... Quando pode cantar... Canta de dor... E ecoa noite e dia... É ensurdecedor... Ai, mas que agonia... O canto do trabalhador... Esse canto que devia... Ser um canto de alegria... Soa apenas... Como um soluçar de dor”.
TEXTO E IMAGEM PRODUZIDOS POR Coletivus Urbanus
Pessoas paravam e observavam imagens feitas pelo Setor Social Arquidiocesano para retratar gritante realidade social regional no primeiro dia da semana no movimentado centro comercial da cidade de Montes Claros-MG
Apesar das dificuldades, o Norte de Minas Gerais ainda mostra o seu sorriso e esperança na vida
Dentre as músicas com temática social no repertório da dupla Fabiana Lima e Bruno Andrade preparadas para o 1º Dia Mundial dos Pobres, destaca-se "O Canto das Três Raças", letra composta por Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, e famosa na voz de Clara Nunes
Eterna militante da Pastoral do Menor, Maria Aparecida Costa posa e expõe os gritos dos adolescentes afetados pelo descaso do poder público com a questão social brasileira
Equipe de missionários e missionárias organizadores da Exposição do 1º Dia Mundial dos Pobres na Praça Doutor Carlos. Como de costume, as mulheres predominam na sensibilidade social, mas há também homens de fé obreira
Algumas das fotografias expostas na Praça Doutor Carlos denunciam drama dos sem-teto, desnutrição infantil, agonia dos trabalhadores rurais e aposentados, marginalização dos adolescentes e criminalização dos movimentos sociais
Paralisada, mulher sente o clima da apresentação musical da dupla Fabiana Lima e Bruno Andrade em pleno dia movimentado e corrido do centro comercial do maior município do Norte de Minas Gerais
Nenhum comentário:
Postar um comentário