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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Livres!!!

Procuradoria de Nova Iorque denuncia autor de atentado por terrorismo

A Procuradoria Federal de Nova Iorque anunciou nesta quarta-feira (1º/11) que denunciará por terrorismo o  uzbeque Sayfullo Saipov, de 29 anos, autor do atentado que na véspera deixou oito mortos e 12 feridos em Manhattan.

Os procuradores divulgaram um documento no qual denunciam Saipov por apoio material e de recursos à organização estrangeira terrorista e por violência e destruição com veículo. 

O FBI - a polícia federal americana - informou no início da noite que encontrou o segundo suspeito - uzbeque - pelo atentado. Menos de uma hora após a divulgação de fotos de Mukhammadzoir Kadirov, 32 anos, o diretor de Informação do FBI, Bill Sweeney, revelou que o suspeito foi localizado. “Já não estamos buscando este indivíduo. Foi encontrado e vai ficar aqui”.


Argentinos são vítimas em atentado

Cinco de 10 amigos e profissionais argentinos que comemoravam os 30 anos de formatura em uma escola Politécnica de Rosário morreram nesta terça-feira (31/10) no atentado de Nova Iorque, um ficou ferido e quatro saíram ilesos. As vítimas são originárias de Rosário, terceira maior cidade do país.

Ariel Erlij, 48 anos, falecido: foi um dos promotores da viagem. Teve a ideia de fazer uma fotografia com todos os amigos abraçados no aeroporto vestindo uma camisa branca escrita “Livre”. Contribuiu com dinheiro para ajudar na ida de seus companheiros. Era um empresário com importantes negócios de produção e venda de artigos da indústria siderúrgica. Vivia em Funes, localidade próxima a Rosário.

Alejandro Damián Pagnucco, 49 anos, morto: era arquiteto. Deixou uma esposa e três filhos. Era chamado de “Picho”. Trabalhava em uma empresa vinculada à indústria da construção. Seus amigos e professores recordam que era simpático e piadista.

Hernán Ferruchi, 48 anos, morto: formou-se em Arquitetura na estatal Universidade Nacional de Rosário, uma das mais prestigiadas do país. Entre seus trabalhos mais importantes estão edifícios na exclusiva e remodelada zona do Porto Norte rosarino, às margens do rio Paraná.

Diego Angelini, 48 anos, morto: outro arquiteto que trabalhava em um estúdio conhecido na cidade.

Hernán Mendoza, 48 anos, morto: também graduado em Arquitetura. Representou a Argentina em um Campeonato Sul-Americano de Atletismo. Jogou rúgbi na equipe Duendes. Tinha um filho e duas filhas.

Martín Ludovico Marro, 48 anos, ferido: residente estável com sua esposa e dois filhos em Boston. O grupo o havia visitado nessa cidade. É graduado em Biotecnologia e chefe de projetos em institutos para pesquisa biomédica em Massachussets.

Iván Brajkovic (ileso): diretor de uma empresa de construção. Participou de empreendimentos de obras públicas na província de Santa Fé.

Ariel Benvenuto (ileso): arquiteto. Sua esposa Cecília Piedrabuena revelou à Rádio LT8 dados do ataque, de acordo com uma ligação de seu marido. “Os 10 estavam de bicicleta, em grupos de dois, conversando. Os que iam pela direita foram atingidos. Sentiu uma acelerada e um veículo passou por cima de seus cinco amigos a 150 km/h”.

Juan Pablo Trevisan (ileso):
É técnico mecânico e supervisor em empresas de manutenção.

Guillermo Banchini (ileso): também é arquiteto e mora nos Estados Unidos.


Crônica

Saipov Mukhammadzoir cresce a infância e a adolescência toda ouvindo aquela piadinha maldosa sobre os muçulmanos: “e você? O que faz aí no canto? Está de castigo por qual motivo?”. Ele responde: “fui reprovado no teste de homem-bomba”.

Meio sem jeito, Saipov viaja para o Brasil e conhece uma baiana do candomblé que só ficava cantando a música “Senhora das Candeias”, composição de Romildo e Toninho, e interpretada por Clara Nunes. A baiana cantava como se fosse a mãe do uzbeque: “(...) o seu lamento tem um jeito de acalanto que o rio feito um pranto vai levando para o mar. Meu coração é feito de pedra de ouro, o meu peito é um tesouro, que ninguém pode pegar... Eu não sou daqui, não sou... Eu sou de lá... Eu não sou daqui, não sou... Eu sou de lá... Eu não sou daqui, não sou... Eu sou de lá (...)”.

A baiana só tinha um defeito: odiava os argentinos por causa do amor abstrato à pátria de jogadores de futebol influenciados pela mídia ocidental economicista e tecnicista. Esses profissionais do esporte são considerados heróis nacionais, mas, quando se aposentam ou ficam desempregados, procuram outro ópio que os encha a alma: a moda, o sexo pago, a bebida alcoólica, o cigarro convencional, a cocaína, o crack, o forró universitário tecnológico, o funk ostentação. Tudo previamente pensado e financiado por grandes empresários e traficantes que propagandeiam o Grito do Ypiranga como se fosse o grande dia da história tupiniquim.

A baiana e Saipov se enamoram e casam-se após um certo convívio. Passam a deliberar suas emoções regados às novas músicas posmodernosas e de imenso sucesso na contemporaneidade. Enquanto o casal participa da economia superfaturada dos leilões de gado em uma exposição agropecuária qualquer, escuta atentamente para tentar entender a mais hedionda letra musical já produzida nestes últimos tempos históricos: “Paredão zangado/Grave tá batendo/Médio tá no talo/Corneta tá doendo/Pega a metralhadora/Tra tra tra tra/As que comandam vão no tra tratra tra tra/E acelera aê/Tratratratratratra/As que comandam vão no tra tra tratra tra”.

A nova onda do momento transforma o casal. Muçulmano naturalizado brasileiro e falsa baiana tentaram fazer amor (ou sexo?). Ao primeiro gesto dele de apertar os seios dela, a moça grita dores e não mais prazeres. O casal desembarca em Nova Iorque para experimentar viver a vida mais instantânea do capitalismo.    

Alugam um carro e observam um grupo de argentinos que andam de bicicleta a comemorar algo que os alegra: a formação intelectual aliada ao trabalho manual. Enraivados como se estivessem com calazar, o muçulmano naturalizado brasileiro e a falsa baiana aumentam o som do carro e curtem a sofrência machificada e vendida em série, sucesso momentâneo das paradas musicais do arrochado estado salarial do bem estar social: “Eu tô chegando na balada/curtindo um som envolvente/Cintura bem molinha/essa pegada aqui é quente/Se ligue meu DJ/toca esse som aí/As mina estão doidinha pra descer e subir/Eu tô chegando na balada curtindo um som envolvente/Cintura bem molinha/essa pegada aqui é quente/Se ligue meu dj/toca esse som aí, as mina estão doidinhas pra descer e subir/Arrocha, arrocha, arrocha, arrocha que ela gosta.../Dedinho na boquinha faz arrocha/Arrocha, arrocha,arrocha, arrocha que ela gosta.../Barriga de tanquinho.../Arrocha.../Arrocha, arrocha, arrocha, arrocha que ela gosta.../Dedinho na boquinha faz arrocha/Arrocha, arrocha, arrocha, arrocha que ela gosta.../Barriga de tanquinho.. arrocha!!!”.

O muçulmano naturalizado brasileiro e adepto a rachas de carros de Fórmula 1 pisa no pedal do acelerador e nem liga pelo que atropela pela frente. E não é que até deu saudade de “Falamansa”...  

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