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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Palavras não expressam a dor, diz mãe de menina morta em colégio

A mãe da estudante de 16 anos assassinada com 11 tiros no rosto em uma escola de Goiás disse nesta segunda-feira que “palavras não podem expressar qualquer tristeza nesse momento”. Rosangela Cristina publicou a mensagem no Facebook pouco depois de a filha - Raphaella Novinski - ter sido morta dentro do colégio onde estudava, em Alexânia.

“Luto! Palavras não podem expressar qualquer tristeza nesse momento”, diz a mensagem postada junto com a foto de uma rosa em preto e branco. Vários amigos de Rosângela comentaram a publicação, lamentando o episódio. “Sei que nada do que eu disser vai amenizar a sua dor, é inimaginável o tamanho da dor de uma mãe pela perda de um filho. Vou orar por você e sua família, para Deus confortar seu coração. Muito triste”, escreveu uma das amigas da mãe de Raphaella.

Separadas

Amiga de Rosangela há três anos, a estudante Larissa Mello, de 19 anos, disse que Raphaella morava com os avós maternos em Alexânia, junto com irmã mais velha - Isabela. Segundo Larissa, Rosângela era separada do pai de Raphaella e se mudou para Brasília/DF depois de se casar de novo. “As duas sempre tiveram uma relação muito boa. Ela vinha direto aqui para Brasília em aniversários, feriados, nas férias (…)”, afirmou a estudante.

Além da mensagem, Rosângela também publicou uma foto em que aparece ao lado de Raphaella. Nos comentários da imagem, vários amigos lamentam a notícia da morte da menina. Raphaella Novinski morreu vítima de 11 tiros no rosto, disparados por um ex-aluno do colégio, onde a menina cursava o 9º ano do ensino fundamental. O assassino, segundo a delegada Rafaela Wiezel, é Misael Pereira Olair.

Em depoimento, ele disse, segundo a polícia, que decidiu matar a menina porque “sentia ódio dela”. O rapaz matou a garota dentro da sala de aula. “Ele contou que tentou namorar Rafaela várias vezes, mas sempre era rejeitado. E, a cada vez que dava errado, ele sentia esse ódio crescendo dentro dele. Foi então que comprou a arma”, afirmou a delegada à VEJA. Misael relatou ter conhecido a menina pelo Facebook e que morava próximo a ela em Alexânia.

Tiros no rosto

A delegada disse ainda que, ao questionar o adolescente sobre o motivo de ter atirado no rosto de Rafaela, ele respondeu: “Porque queria que ela morresse logo e não sentisse dor”. Misael foi preso em flagrante. Com ele, a polícia encontrou a arma do crime, uma faca, uma máscara e veneno. “Ele disse que ia cometer suicídio depois de matar Rafaela”, afirmou à delegada. O adolescente foi levado para a Unidade Prisional de Alexânia. A pena de Misael pode chegar a trinta anos de prisão, por feminicídio.

Arquivado em: Brasil



Análise

No capitalismo, o desejo é de posse e não de amor

Palavras, palavras, que estranha potência a vossa, já escrevia a poetisa Cecília Meireles em “O Romanceiro da Inconfidência”, tempos reais de ouro da sociedade brasileira. Em um século XXI de tragédias sociais personalistas e coisificadas, as relações contemporâneas não passam de reprodutoras de clichês novelescos, piores que novelas mexicanas. O poeta Carlos Drummond de Andrade compôs “Eu, Etiqueta”“Em minha calça está grudado um nome que não é meu nem de batismo, nem de cartório, um nome estranho”. Somos etiquetados todo dia. Além de modelados em shoppings, visionamo-nos pela TV, pelo YouTube, pelo Instagram, pelo Facebook, pelo Uber, Twitter, Netflix e por aplicativos ainda a serem inventados. Nas ruas ou nos elevadores, olhamo-nos desconfiados uns para os outros, como naquela música de Chico Buarque composta na época da Ditadura Militar Brasileira (1964-1985).

Não é à toa que as religiões que mais crescem no Brasil são as sessões espíritas e as sessões de descarregos. Queremos possuir até depois de mortos. Ouvir a voz. Não nos acostumamos nunca com a morte de um ente querido. Depois falam que o materialismo histórico e dialético de Karl Marx (1818-1883) está ultrapassado. A verdadeira realidade social é submetida a caprichos burgueses cada dia mais possessivos. Não sentimos. Possuímos. Felizes daqueles que conseguem lutar contra a reificação.

“Em português, Reificação; em alemão, Verdinglichung, literalmente: ‘transformar uma ideia em uma 'coisa' (do latim res: 'coisa'; ou Versachlichung, literalmente 'objetificação'). É uma operação mental que consiste em transformar conceitos abstratos em realidades concretas [e eternas] ou objetos. No marxismo, o conceito designa uma forma particular de alienação, característica do modo de produção capitalista. Implica a coisificação das relações sociais, de modo que a sua natureza é expressa através de relações entre objetos de troca (ver fetichismo da mercadoria). O conceito foi desenvolvido por Lukács e trabalhado também pelos integrantes da Escola de Frankfurt’” (Wikipedia). 
   
O fetiche da mercadoria é tão gigantesco e a propaganda imensa que não mais comemoramos o nascimento de um bebê. Celebramos a lenda do um bom velhinho que distribui presentes. Na verdade, são os pais que compram presentes cada dia mais caros para suas crianças cada dia mais fantasiadas. O papai Noel veste a roupa branca e vermelha. Seria comunista ou mais uma alienação da sociedade capitalista? Consuma! Consuma! Consuma! Compre batom! Compre batom! Compre batom! Pegue a metralhadora! Pegue a metralhadora! Pegue a metralhadora! Elimine-se! Elimine-se!  Elimine-se! Aqui só há um objeto, não mais um ser humano.

Nem no espelho mais nos observamos. Testamos nosso tato através de um aparelho de telefone celular. Precisamos pegar para sentir e matar para não sentir mais dor. Na sociedade capitalista criadora de heróis e vilões, saímos todos derrotados. Aqueles que visualizam opções e realidades opostas concretas estão a anos luz de desenvolvimento.  

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