Cem Anos de Solidão
Gabriel Garcia Marquez
O coronel Aureliano Buendia jamais compreendeu as razões que o fizeram lutar em 32 guerras. Não era nem liberal e muito menos conservador. Só não gostava de injustiças sociais. Por isso se aventurava sem eira nem beira por esses matos aí. Respeitava sobretudo a cultura dos adultos. Sabia que não podia mudá-los, mesmo sob a ameaça de um pelotão de fuzilamento.
Entendia que as pessoas deveriam ser punidas pelos seus crimes. Seus pais mesmo, José Arcádio Buendia e Úrsula, jamais cometeram crime algum, tentaram descobrir o mar, mas acabaram por fundar uma aldeia libertária: Macondo.
Isolada do mundo, a aldeia se desenvolvia e vivia sem convencionalismos. O irmão do coronel Aureliano Buendia, José Acardio se juntou a ciganos e saiu pelo país afora. Voltou todo tatuado, com as marcas da vida. Casou-se com Rebeca. A morada do casal era toda manhã aberta para acolher a luz do sol e a natureza. O amor dos dois transcendia Macondo.
Mas misteriosamente José Arcádio morre. As trevas passam a habitar a casa. Rebeca se tranca na solidão escura, bastante escura. Começa a conhecer a si mesma e tem saudade do companheiro. A família Buendia crescia. Cada integrante da família deixava pelo menos um descendente no mundo.
O coronel Aureliano Buendia teve 17 mulheres diferentes, com as quais teve 17 filhos. Todos morreram fuzilados. Quando entrou naquela casa de paredes brancas, cansou-se. O novo o constragia. Os peixinhos dourados em que trabalhava diariamente se tornaram obsoletos.
Morreu debaixo da árvore que o seu pai gostava de ficar. A angústia solitária do mundo o consumiu por completo. Porém, a vida continuava dando voltas, mesmo contra a nossa vontade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário