ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte”

“A angústia de ter perdido não supera a alegria de ter um dia possuído” Santo Agostinho
“Sem correr sangue não há libertação” São Paulo
“Vimos no agitador sertanejo, do qual a revolta era um aspecto da própria rebeldia contra a ordem natural, adversário sério, estrênuo paladino do extinto regime, capaz de derruir as instituições nascentes” (trecho da página 237 do livro “Os Sertões (Campanha de Canudos)”, de Euclides da Cunha, Editora Martin Claret: São Paulo/SP, 2008)
“Para alguns não há outra opção: morrer ou vencer. A morte está mil vezes mais próxima que a vitória. A vitória torna-se uma lenda. Só um revolucionário tem a coragem de sonhar sobre ela.” Ernesto Che Guevara de la Serna, argentino, médico, socialista e revolucionário
Antônio Conselheiro era casado. Exercia as atividades de advogado e de comerciante. Após traição da esposa, resolve não se vingar. Abandona tudo. Transforma-se em uma espécie de pastor messiânico em um Nordeste faminto de esperança. Ajuda a fundar o Arraial de Canudos, Bahia, que chega a mobilizar cerca de 30 mil pessoas vivendo em comunidade. Após solicitar compra de madeira no Crato, Ceará, paga adiantado a ordem de serviço e vê seu pedido ser negado. A partir daí, desenvolve-se a mais assassina guerra da República dos Estados Unidos do Brasil contra um povoado humilde, em novembro de 1896 a outubro de 1897. Canudos resiste a quatro expedições do exército. Todos os baianos morreram pela causa social coletiva do Arraial. Os combatentes ditos vitoriosos do Exército Brasileiro em Canudos/BA não tiveram nem direito à moradia como prêmio pelo seu esforço. Fundaram a Favela da Providência no Rio de Janeiro/RJ.
“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Expugnando palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5 [de outubro de 1897], ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.” (trecho da página 597 do livro “Os Sertões (Campanha de Canudos)”, de Euclides da Cunha, Editora Martin Claret: São Paulo/SP, 2008)
No livro “Morrer para viver: a luta de Tito de Alencar Lima contra a Ditadura Brasileira”, do padre salesiano holandês Ben Strik (Brasilhoeve, Holanda, 2009), há um trecho esclarecedor de como ocorreu a formação do Arraial de Canudos.
“Canudos encheu-se rapidamente de ex-escravos e mestiços libertos, vindos do sertão. Todos os seus habitantes tinham os mesmos direitos. Eram pobres, porém não existia miséria. Tudo era repartido entre todos. No início não precisavam de dinheiro. Tudo era negociado à base da troca. Cada um dispunha de meios suficientes para viver bem. Havia um bom sistema local de justiça para resolver eventuais conflitos. A religião era o fator de união e de estímulo para a prática da solidariedade entre os moradores de Canudos. A prostituição não era permitida na cidade. No centro da cidade, foi construída a igreja de Nossa Senhora, cercada de pequenas casas, construídas em círculos. Cada noite, após o trabalho, a comunidade reunia-se para rezar, por longo tempo, na praça em frente à igreja. Nestas ocasiões Antônio Conselheiro fazia sua pregação. Canudos ficou famosa. Exportava couro de cabra para a Europa e vendia sua produção em outras vilas dos arredores. Admitiu-se a introdução parcial do dinheiro para facilitar esses negócios. Canudos tornou-se, em poucos anos, a segunda cidade mais importante do estado da Bahia” (páginas 104 e 105). 

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