“A
angústia de ter perdido não supera a alegria de ter um dia possuído” Santo
Agostinho
“Sem
correr sangue não há libertação” São Paulo
“Vimos
no agitador sertanejo, do qual a revolta era um aspecto da própria rebeldia
contra a ordem natural, adversário sério, estrênuo paladino do extinto regime,
capaz de derruir as instituições nascentes” (trecho da página 237 do livro “Os
Sertões (Campanha de Canudos)”, de Euclides da Cunha, Editora Martin Claret: São
Paulo/SP, 2008)
“Para
alguns não há outra opção: morrer ou vencer. A morte está mil vezes mais próxima
que a vitória. A vitória torna-se uma lenda. Só um revolucionário tem a coragem
de sonhar sobre ela.” Ernesto Che Guevara de la Serna, argentino, médico,
socialista e revolucionário
Antônio Conselheiro era casado.
Exercia as atividades de advogado e de comerciante. Após traição da esposa,
resolve não se vingar. Abandona tudo. Transforma-se em uma espécie de pastor
messiânico em um Nordeste faminto de esperança. Ajuda a fundar o Arraial de Canudos,
Bahia, que chega a mobilizar cerca de 30 mil pessoas vivendo em comunidade.
Após solicitar compra de madeira no Crato, Ceará, paga adiantado a ordem de
serviço e vê seu pedido ser negado. A partir daí, desenvolve-se a mais
assassina guerra da República dos Estados Unidos do Brasil contra um povoado
humilde, em novembro de 1896 a outubro de 1897. Canudos resiste a quatro
expedições do exército. Todos os baianos morreram pela causa social coletiva do
Arraial. Os combatentes ditos vitoriosos do Exército Brasileiro em Canudos/BA
não tiveram nem direito à moradia como prêmio pelo seu esforço. Fundaram a
Favela da Providência no Rio de Janeiro/RJ.
“Canudos
não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento
completo. Expugnando palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia
5 [de outubro de 1897], ao entardecer, quando caíram os seus últimos
defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens
feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil
soldados.” (trecho da página 597 do livro “Os Sertões (Campanha de Canudos)”,
de Euclides da Cunha, Editora Martin Claret: São Paulo/SP, 2008)
No livro “Morrer
para viver: a luta de Tito de Alencar Lima contra a Ditadura Brasileira”, do
padre salesiano holandês Ben Strik (Brasilhoeve, Holanda, 2009), há um trecho
esclarecedor de como ocorreu a formação do Arraial de Canudos.
“Canudos
encheu-se rapidamente de ex-escravos e mestiços libertos, vindos do sertão.
Todos os seus habitantes tinham os mesmos direitos. Eram pobres, porém não
existia miséria. Tudo era repartido entre todos. No início não precisavam de
dinheiro. Tudo era negociado à base da troca. Cada um dispunha de meios
suficientes para viver bem. Havia um bom sistema local de justiça para resolver
eventuais conflitos. A religião era o fator de união e de estímulo para a
prática da solidariedade entre os moradores de Canudos. A prostituição não era
permitida na cidade. No centro da cidade, foi construída a igreja de Nossa
Senhora, cercada de pequenas casas, construídas em círculos. Cada noite, após o
trabalho, a comunidade reunia-se para rezar, por longo tempo, na praça em
frente à igreja. Nestas ocasiões Antônio Conselheiro fazia sua pregação.
Canudos ficou famosa. Exportava couro de cabra para a Europa e vendia sua
produção em outras vilas dos arredores. Admitiu-se a introdução parcial do
dinheiro para facilitar esses negócios. Canudos tornou-se, em poucos anos, a
segunda cidade mais importante do estado da Bahia” (páginas 104 e 105).
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