ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

TANTA CASA SEM GENTE, TANTA GENTE SEM CASA

Mais de 300 famílias ocupam área entre o Distrito Industrial e a Vila Castello Branco para exigir direito constitucional à moradia em Montes Claros, Norte de Minas Gerais; ocupação é próxima à fábrica da Alpargatas; Pastoral da Terra, Cáritas Arquidiocesana e Proderur acompanham caso
POR Rogeriano Cardoso
(texto e imagens)
Em um terreiro empoeirado entre lonas pretas, crianças correm, brincam e festejam com qualquer pedaço de madeira que encontram pela frente. Para elas tudo é diversão. Mas na vida real, em frente aos barracos homens e mulheres, com ferramentas em mãos cavam buracos para levantarem seus barracos de lona. Debaixo do sol quente eles conversam e dão testemunhos do que enfrentaram em suas vidas de muitas dificuldades e sofrimento, entre um gole de café ou o resto da água potável.
Em frente a um barraco improvisado, feito com pedaços de madeiras e lona preta, a idosa Maria dos Reis Souza Miranda, 72 anos, sorridente, se exibe e fala que agora tem onde morar. Segundo ela, antes morava em um barraco, com três filhos, próximo à linha férrea na mesma região.
São pessoas simples, sem muito estudo e que não tiveram muitas oportunidades na vida, são vítimas de um sistema que cada vez mais as oprime, mas são atores desta história, estão protagonizando um momento de luta. “São pessoas corajosas, lutadoras, não são invasores, são ocupadores de um pedaço de terra, pois quando morar é um privilégio, ocupar é um direito”, desabafa um dos integrantes do movimento pelo direito constitucional à moradia.
Em visita feita pela reportagem, as famílias pedem apoio, tanto na questão política, quanto na estrutural. “Nós além de precisarmos de gente para ficar do nosso lado, precisamos de alimentos, pois muitos de nós aqui não temos um meio de sobrevivência”, reclama Sílvio Souza Miranda, 46 anos, casado e pai de quatro filhos, que naquele momento ajudava a construir um barraco para um amigo, de 29 anos, casado e pai de três filhos pequenos. “Nós nos ajudamos, quem já está com o barraco pronto, ajuda a fazer o do vizinho”.
Na ocupação, estão morando cerca de 320 famílias, vindas de diferentes lugares, muitas viviam com familiares, outras em áreas de risco e pagando aluguel. “Eu morava numa casa aqui no Bairro Cidade Industrial, possuía despesa com aluguel e no momento estou desempregada, pois, tenho dois filhos e vivo para sustentá-los. Acho que a gente não tá fazendo nada de errado, estamos lutando por um cantinho para morarmos, todos têm direito, por que a gente não tem?”, indaga Eliene Mendes dos Santos, de 40 anos, uma das mulheres que está abrigada com os filhos num dos barracos da ocupação do terreno.
Próximo ao seu pequeno barraco de lona, madeira e papelão, o trabalhador rural Valsão Soares, 49 anos, casado e pai de quatro filhos, mostra o exíguo espaço onde improvisou uma cama. Ele não se preocupa com a falta de banheiro ou em ter que dividir a cozinha com a vizinha do barraco ao lado. Para ele, o importante é que o sacrifício gere um pedaço de terra no final do processo de desapropriação.
Soares, antes morava na roça. Preocupado com os estudos das filhas resolveu migrar para o perímetro urbano. Sem lugar para morar e sem ter condições para pagar aluguel, ele resolveu se unir aos ‘invasores’. O sonho de ter um pedaço de terra para viver e criar suas filhas com dignidade é maior. E mesmo diante de tanta dificuldade, ele revela, com orgulho, que sua mulher está grávida de seu quinto filho.
As mais de 320 famílias que ocupam o terreno passam por várias dificuldades, como alimentação e a falta de água potável. “A água que ainda resta do rio do Cedro não é própria para o consumo humano, usamos para lavar roupas e até mesmo para cozinhar e tomar banho. Para beber nós precisamos pedir aos vizinhos”, diz Valsão.
A Cáritas Arquidiocesana de Montes Claros, a Pastoral da Terra e o Projeto de Desenvolvimento Rural e Urbano (Proderur) acompanham o caso. O Regional Norte do Sindicato de Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) foi conferir junto a essas entidades a ocupação legítima das famílias. Quem quiser oferecer doações, procure a Casa de Pastoral Comunitária, cujo endereço é Rua Januária, 387, Centro, CEP 39.400-077,  em horário comercial. As famílias ocupam terreno desde julho de 2017 em área urbana para pressionar o governo a garantir o direito constitucional do ser humano a moradia, pleno emprego e alimentação digna. Outras informações pelo telefone (38) 3016-7707. 

Dobra número de lojas fechadas no centro comercial de Montes Claros, Norte de Minas Gerais, desemprego ampliado atinge mais de 20 milhões de brasileiros, informalidade no trabalho cresce a cada dia, rede hoteleira do município apresenta rendimento muito abaixo da média e a política de governo permanece historicamente medíocre: enormes incentivos fiscais a grandes empresas e multinacionais e medidas severas de aumento de impostos para o setor de serviços. Por isso, venha participar no dia 07 de setembro de 2017, às 7h30min, do 23º Grito dos Excluídos com o tema “Vida em primeiro lugar: por direitos e democracia, a luta é todo dia! Proteste já e sempre! Marque presença! Estenda o tapete vermelho porque o povo vem para as ruas! Você também está marginalizado dos meios de produção da sociedade capitalista contemporânea. Junte-se ao Brasil Real contra o Brazil oficial caricato e burlesco! Faça valer a história nacional verdadeira! Mobilize a sua comunidade e responda com veemência aos ataques sócio-econômicos dos políticos à nossa “Brava gente brasileira! Longe vá... temor servil: ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil!”.      

Nenhum comentário: