POR Célia Travassos
Eram os 40 anos de nascimento dele. Foram almoçar no
restaurante que hoje nem existe mais. Ele era apaixonado por carros. Para provocá-lo,
talvez querendo atenção e mais amor, ela se apoia no para-choque do automóvel.
Ele, ao ver a cena, desespera-se com o risco de sua propriedade particular ter
sido lesada.
O carro importa muito mais que a mulher. Afinal, em uma
improvável separação, poderia ser utilizado para usufruto de ambos. Homem e
mulher hoje em dia são seres humanos independentes. Nada de compartilhamento de
afetos. Troca de carícias? Nem pensar!
Manter a formalidade e a boa aparência sempre foi o
ideal. Amor materialista ao extremo. Se um dos cônjuges falecer, é socialmente
natural que o outro se enrole logo, logo com outra criatura. A vida passa... Até
a uva passa... Tudo passará... É mais
fácil quebrar o átomo do que entender as relações intimistas das sociedades
complexas capitalistas.
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