[terça-feira, 14 de setembro de 2004]
Rumo à 1a AAP: Sociedade
Padre Reginaldo Wagner dos Santos*
Desafio: construir uma sociedade
justa e fraterna. A fé cristã ilumina nossas lutas: “Não havia necessitados
entre eles” (At 4, 34). O Documento 71 da Conferência Nacional dos Bispos dos
Brasil (CNBB), intitulado “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja
no Brasil”, apresenta-nos algumas orientações para melhorar a evangelização que
a Igreja realiza segundo o mandato de Jesus em Mateus 28,16ss.
Evangelizar, essa é a missão da
Igreja. Evangelizar é a ação da Igreja na realização do Reino de Deus. Cada
batizado é revestido de Cristo e faz parte da Igreja. Cada batizado realiza,
primeiramente em sua vida e depois na vida da comunidade, a ordem de Jesus de
evangelizar e ser evangelizado. Diz São Paulo: “Ai de mim se não evangelizar (1
Cor 9,16).
Hoje temos que viver um amor
apaixonado por Jesus e lutar para que a vontade de Jesus seja realizada na
pessoa (sendo mais santa) na comunidade (sendo cada vez mais irmãos e irmãs) e
na sociedade (promotora de um mundo mais igualitário).
Preparando a 1a
Assembléia Arquidiocesana de Pastoral (1a AAP), devemos ter em mente
que a realidade social atual merece uma reflexão. Enumero aqui alguns pontos
para nossa reflexão: 1) A sociedade brasileira é uma das mais desiguais do
mundo – são 54 milhões de pobres e 23 milhões de indigentes; 2) O desemprego
aumentou; 3) A política enfraqueceu; 4) A violência e a criminalidade
aumentaram por causa das drogas; 4) Jovens entre 15 e 29 anos são assassinados
todos os dias por causa do tráfico de drogas; 5) Aumento da população
carcerária (presos) - hoje são 235 mil e 460 pessoas.
Diante desse quadro, devemos
participar da construção de uma nova sociedade. O Documento 71 da CNBB nos
oferece algumas pistas, tais como: iniciativas e práticas solidárias;
reivindicação de políticas públicas; participação política e reflexão sobre a
realidade.
Essas ações devem ser iniciadas
por todos nós. Conversa, diálogo, leitura e formação são ações que ajudam na
conscientização. Mas, podemos caminhar mais. Devemos nos organizar e lutar.
Devemos manifestar nossa opinião e não ficar calados.
Vivemos em tempo de eleição.
Vamos escolher prefeitos e vereadores. Uma sugestão é que cada eleitor analise
os discursos de cada candidato e reflita suas propostas sobre a mudança do
quadro social atual - aquele que mostrei antes. Não podemos confiar em
demagogos que prometem e não cumprem.
Na luta pela construção de uma
sociedade justa e solidária, nossa Arquidiocese tem realizado algumas práticas
que podem ajudar você e sua comunidade a tomar partido: 1) Queremos ter maior
participação social e política, promovendo grupos de reflexão nas casas, nas
ruas, etc; 2) Fazer parcerias com a sociedade civil para haver mais
solidariedade entre nós; 3) Atenção aos jovens. Eles são o futuro da Igreja e
os protagonistas da renovação social. Precisamos incentivá-los para adquiram
seus documentos pessoais e participem da Catequese e dos grupos de jovens; 4)
Nosso empenho pela promoção humana e pela justiça social. Por isso queremos
incentivar a todos para o conhecimento da Doutrina Social da Igreja. É
necessário ter uma visão ética maior e comprometida, aprofundando o Evangelho
na vida de cada pessoa e da comunidade.
Somos nós quem construímos a
sociedade. Sociedade é o conjunto de comunidades que, integradas à realidade
religiosa, cultural, política e econômica, fazem uma cidade forte, um país
forte. A vida social é a prática da justiça, da paz e da solidariedade.
Quero também lembrar que nossa
Igreja Arquidiocesana de Montes Claros fez opção por ser uma Igreja
Libertadora, construtora de um mundo novo. Isso só será possível se todos nós
nos identificarmos com essa opção libertadora. Nós podemos construir uma nova
sociedade. Basta nos organizarmos. Termino lembrando uma frase do Hino Nacional
Brasileiro: “Verás que um filho teu não foge à luta...”. Essa é a identidade do
cristão brasileiro.
*Coordenador
Arquidiocesano de Pastoral
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