“É criminoso o divórcio entre a educação que se recebe em uma época e a
época” (José Martí)
Com
a sua excessiva indiscrição, informalidade, assanhamento e falta de decoro já peculiares
na vida social e parlamentar, a deputada federal Raquel Muniz atrapalhou
totalmente a abertura da Feira Nacional de Indústria, Comércio e Serviços (Fenics)
deste ano. Sua insistência em sair registrada na imagem inaugural da festa de
congraçamento da Fenics chega a ser constrangedora. Necessitamos urgentemente
extinguir comportamentos políticos como esses que não cabem mais em nenhum
lugar. Já sabemos por “a” mais “b” que a história do homem cordial brasileiro
não existe em lugar algum. Trata-se mais de uma artimanha local para sobreviver
à falta da verdadeira sociabilidade. Sérgio Buarque de Holanda diagnosticou em seu
livro “Raízes do Brasil” as razões desse extremo formalismo nacional.
“Ela
[a polidez no relacionamento social diário com as pessoas] pode iludir na
aparência - e isso se explica pelo fato de a atitude polida consistir
precisamente em uma espécie de mímica deliberada de manifestações que são
espontâneas no ‘homem cordial’: é a forma natural e viva que se converteu em
fórmula. Além disso, a polidez é, de algum modo, organização da defesa ante a
sociedade. Detém-se na parte exterior, epidérmica, do indivíduo, podendo mesmo
servir, quando necessário, de peça de resistência. Equivale a um disfarce que
permitirá a cada qual preservar inatas suas sensibilidades e suas emoções” [HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. (26ª edição) São
Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 147, in: O Homem Cordial na Formação do
Brasil, por Cláudio Fernandes, disponível em http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/o-homem-cordial-na-formacao-brasil.htm,
com acesso no dia 18 de setembro de 2017 às 2h e 50min].
E não é a primeira vez que a
deputada federal aparece com estardalhaço na mídia. A votação do dito impeachment
da presidente Dilma Roussef parecia mais uma imagem caricata e burlesca, nos
dizeres de Machado de Assis, do que é o Brasil oficial de hoje. “Sim! Sim! Sim!
Aprovamos a balbúrdia”, diziam subliminarmente os deputados na votação
caricatural. Chamar Brasília/DF hoje de palhaçada seria maltratar os palhaços. Bingo!!!
O comportamento dos políticos brasileiros deseja gozar e escarnecer com o sofrimento
do povo brasileiro. Esses ditos nobres parlamentares não se lixam e nem se
sensibilizam com os seus eleitores.
Outro exemplo nocivo do trato
da deputada federal com as causas populares aconteceu na abertura das Festas de
Agosto de 2016, em frente ao Centro Cultural Hermes de Paula, centro histórico
de Montes Claros, Norte Sertanejo de Minas Gerais. A deputada dançou com o
prefeito em exercício José Vicente de Medeiros, enquanto o prefeito eleito, Ruy
Adriano Borges Muniz, seu marido, estava foragido ou na cadeia por seus vários
crimes políticos e empresariais. A dança da Raquel Muniz com José Vicente de
Medeiros mais se assemelhava a uma pisada desleixada na inteligência dos
brasileiros e das brasileiras. Era como se os falaciosos representantes populares
não se importassem com a fé do povo. “Maltrata mais que nós gostamos”, deviam
estar imaginando a deputada e o vice-prefeito eleito para o mandato do
executivo municipal em 2013-2016.
E, para piorar, a Justiça
Eleitoral permitiu que, mesmo foragido ou preso, Ruy Muniz e parceiros
modificados economicamente disputassem o direito inalienável à reeleição. Lavou
as mãos e colocou o véu de grinalda no ladrão tanto do público, como do
privado. A Fenics deveria selecionar melhor seus participantes. Não deveria
ceder tão facilmente à cor do dinheiro e autorizar a participação de pessoas
tão oficialescas.
Raquel, Ruy Muniz, Sociedade
Educativa do Brasil (Soebras) e asseclas, que levantam a bandeira de que educação
é tudo, mas tornam precária a vida dos seus educadores e consequentemente de
seus estudantes (clientes), além de menosprezar jornalistas formados por eles
próprios, significam o que há de mais podre no reino da política brasileira. É
emergencial parar de legitimar ações entorpecentes de autoritarismo como as acusações
sacanas e desesperadoras (ou seria melhor citar a torpe expressão delações
premiadas?) do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva contra sua esposa Marisa
Letícia (esta, mesmo depois de morta, foi incriminada pelo próprio marido), Dilma
Roussef e Antônio Palloci Filho, o “você não merece nem ser estuprada” de Jair
Messias Bolsonaro, o andar de bicicleta do casal Ruy e Raquel Muniz em frente
ao público abestado de Tiririca, as injúrias de Michel Temer, Rodrigo Maia e de
João Dória Júnior contra o patrimônio público nacional. Esses comportamentos
político-eleitoreiros esnobes pretendem esmagar o que ainda há de orgulho na história
da sociedade brasileira, que são seus operários da indústria, do comércio e dos
serviços.
A tentativa de parecer ser
mais informal e popular do político brasileiro, de quebrar protocolos
propositadamente transmite a suposta imagem de um parlamentar espontâneo e
próximo de sua gente, base eleitoral, mas que, na verdade, quer aprofundar cada
vez mais a miséria daqueles que fazem a nação se desenvolver realmente: os seus
trabalhadores. E não denominem essa falsa liberdade de democracia. Estamos
cansados das lorotas, balelas, conversas pra boi dormir, promessas de campanha
enganosas repassadas pelas propagandas políticas partidárias. Lutemos sempre pelo
melhor e não pelo menos pior.
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