A Igreja e o Regime Militar
Natelson Alves Coutinho*
No limiar dos anos de 1960, o Brasil passava por
instabilidades político-econômicas que ameaçavam a segurança nacional. O país
estava à beira de uma revolução que seria comandada pelo próprio governo.
Em meio a esse clima de exaustão
da ordem pública, a Igreja não hesitou em participar, juntamente com outros
setores conservadores, da Marcha da Família com Deus e pela Liberdade, em 1964.
A Igreja se opunha a um sistema, que viria a ser implantado, se não houvesse
uma reação, pois esse sistema oprimiria os credos das pessoas e denegriria a
liberdade humana.
Há 40 anos, o governo populista
foi derrubado e o Regime Ditatorial instaurado no país. O único objetivo dos
militares era manter a ordem e a segurança nacional, protegendo assim a nação
brasileira da Revolução Socialista.
Aos poucos, o Regime Militar se
radicalizou, perseguindo indivíduos com ideais diferentes e que almejavam
apenas maior participação na Política. Os setores eclesiais ganharam atenção
especial do governo, pois se pensava que eles eram da oposição, simplesmente
por estarem em defesa dos marginalizados do Regime. Logo a Igreja, que outrora
apoiara o Golpe.
Como uma mãe que luta, de todas
as formas, para proteger o seu filho, a Igreja, que desde os anos de 1950 batalha
para diminuir as disparidades sociais, políticas e econômicas em meio a essa
Ditadura, junta-se aos oprimidos e aos pobres do Regime.
A Associação Católica Brasileira
(ACB) procurou preservar a liberdade de pensamento e de expressão, buscando
levar as pessoas a formularem idéias e a tomarem decisões de cidadãos
conscientes e responsáveis.
Nos anos de 1970 e 1980, em que a
juventude brasileira era vítima do estilo de vida libertino dos jovens
norte-americanos, a ACB procurou abranger suas idéias a essa juventude que,
embora forte, poderia se perder. Destaca-se aqui o intenso trabalho humanitário
e evangelizador da Juventude Estudantil Católica (JEC), Juventude Universitária
Católica (JUC) e Juventude Operária Católica (JOC).
Como se não bastasse, através das
Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (Cnbb) se tornou uma pedra
no caminho dos governadores militares e uma primavera para o povo, pois
denunciava as violações aos direitos humanos e estimulava a nação brasileira a
trabalhar conjuntamente em defesa da dignidade da pessoa humana e por uma
sociedade mais fraterna e solidária. Isso comprovava os valores da Teologia da
Libertação, injustamente “taxada” de Marxista pelos militares e vista como
segmento de extrema-esquerda.
Não podemos dizer que a Igreja
estava contra os presidentes ou fazia acepção a ideologias políticas, todavia,
com todo orgulho, afirmamos que a Igreja esteve e está em favor dos direitos do
homem que sofre e é perseguido por razões ideológicas.
O Regime Militar acabou há 20
anos, contudo, a luta da Igreja continua hoje através de suas inúmeras
pastorais, movimentos, etc, porque o homem sempre está vulnerável à exploração
de outro homem. Não estou em defesa do Marxismo, porém, tudo pode ser reciclado
e reformulado, desde que seja de acordo com a ótica cristã.
*do
Seminário Propedêutico São Pio X da Arquidiocese de Montes Claros
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