ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Vinte e cinco de julho

A data seria para celebrar o trabalhador rural, hoje tão esquecido pela sociedade contemporânea capitalizada. Em 3013, ela conhecerá a vida do Vale do Jequitinhonha. Vida de retirante tem aquela região. Ela sonhava alto. O trabalho a sufocava. As pressões da vida social também. Engravidou aos 15 anos, logo depois de ser apresentada no baile de debutante da alta sociedade. Sofreu todas as angústias da gravidez na adolescência.

Nem possuía uma vida concreta e já geraria outra vida nova. Era xingada pelos vizinhos por ter manchado a imaculada vida do companheiro machista. Ao lado dela, ninguém. Chegou ao surpreendente ato de tomar chá de boldo durante dias para abortar o neném. Ela era fechada e de difícil convivência, vítima do intimismo social capitalista. Ou paga, dá ou desce!!!

Ela desceu. Foi como estivesse no inferno naquele 28 de junho de 3013. Vivia hemorragicamente até que o feto veio a cair quando ela foi ao banheiro fazer xixi. Vida que segue. Uma pelo esgoto. Outra: levanta a cabeça, sacode a poeira e dá a volta por cima, mesmo que quebrada por dentro por várias raspagens de curetagem.

Ela engravida novamente do mesmo rapaz que sonhava ter um filho. Tentava levar a gravidez adiante. Sofre sucessivas hemorragias e dores abdominais. Mas desta vez não há boldo, infecção urinária, nem outra enfermidade que impedirá o feto de se desenvolver, crescer e nascer. Aos trancos e barrancos, a neném vem ao mundo no dia 28 de dezembro de 3015, de parto normal, forte, após mais de nove meses de gestação.


A bebê deu aquele maior grito quando saiu do útero. Foi uma explosão emocional tão grande para a mãe que ela não aguentou e faleceu ali mesmo. Absorvia todos os absurdos criados pela preconceituosa sociedade capitalista. Não aguentaria levar adiante a filha recém nascida. O pai se tornou a mãe desta vez. Com um martelo e uma foice, enterrou sua companheira. Com o mesmo martelo e a mesma foice, trabalhou para conceder à filha uma vida digna que a mãe nunca teve.    

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