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"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

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domingo, 3 de setembro de 2017

Movimentos querem acesso e não retrocesso social

Memória de Saluzinho é resgatada no Seminário do 23º Grito dos Excluídos

A memória da liderança operária e camponesa Alvimar Ribeiro dos Santos (falecido em 19 de agosto de 2016) e do camponês bravo e resistente Salu Gomes Ferreira (Saluzinho) foi lembrada no Seminário do 23º Grito dos Excluídos. No Período Ditatorial Brasileiro (1964-1985), o Estado Republicano Democrático de Direito distribuía terras a quem lhe era conveniente, sem antes observar se não havia gente nas terras rurais devolutas (de propriedade pública).

Saluzinho foi uma das vítimas dessa sociedade repressora. O Estado doou terras para o dono de jornal, Oswaldo Antunes. A partir daí começa a emboscada estatal a um simples trabalhador rural. Saluzinho permanece 10 dias em uma gruta a se defender da polícia armada. A percepção do jornalista Felipe Gabrich sobre esse personagem histórico chega a constranger qualquer pessoa. “Eu quase morro de raiva pela versão que me contaram e pela verdade que eu encontrei nele”.



O Saluzinho é um belo exemplo de luta pela vida no Norte Sertanejo de Minas Gerais. “Falava do que sentia sem levantar as vistas para o interlocutor, talvez com medo de agredi-lo com a pureza e sinceridade do olhar”, descreve Felipe Gabrich o trabalhador rural no artigo “Saluzinho, o mito (ou quando se é eterno sem querer)”, publicado no “Jornal do Norte” (extinto), de Montes Claros, nos dias 17 e 18 de fevereiro de 1990, a propósito do falecimento do Salu Ferreira. O artigo foi reproduzido no livro “Saluzinho, luta e martírio de um bravo, a sociologia dos conflitos agrários no Brasil”, de Leonardo Álvares da Silva Campos, Editora D’Plácido: 2014, BH.

Mais de 40 entidades participaram do Seminário do 23º Grito dos Excluídos: Centro de Referência, Apoio e Defesa da Cidadania (Cerradania), Pastoral do Batismo, Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Pastoral Carcerária, Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Sindicato das Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas, Pastoral da Criança, Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), Pastoral do Menor, Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Sindicato dos Metalúrgicos de Montes Claros, Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), Levante Popular da Juventude, Conselho Nacional do Laicato (CNLB) do Brasil, Colégio Marista São José, Sindicato dos Servidores Municipais, Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Escola Estadual Monsenhor Gustavo, Escola Municipal Mestra Fininha, Diretório dos Estudantes de Montes Claros (Demc), Movimento Correnteza da Unimontes, Movimento Brasil Livre (MBL), Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), Frente Brasil Popular, Cáritas Arquidiocesana de Montes Claros, além de muitos eletricitários, educadores ativos e aposentados, assistentes sociais e vereadores.

“Unir nossas forças para que a gente possa dar uma resposta ao que vem acontecendo em nosso país”. A motivação veio da assistente social formada pelas Faculdades Santo Agostinho (Fadisa), animadora de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e liderança do Setor Social da Arquidiocese de Montes Claros, Sônia Gomes de Oliveira, no sábado, 02 de setembro de 2017, quando foi aberto o Seminário dos Movimentos Sociais do 23º Grito dos Excluídos sob o mote “Vida em primeiro lugar: por direitos e democracia, a luta é todo dia”, com mística verdadeira e sem a pornografia política partidária contemporânea. Localizada no Bairro Operário-Cultural Morrinhos, a sub-sede do Regional Norte do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) acolheu a formação.

O Seminário discutiu todos os eixos propostos pela coordenação nacional do Grito dos Excluídos: saúde, educação, previdência, terra, trabalho, moradia, água, mídia e violência, em uma mesa constituída por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Sind-UTE, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Levante Popular da Juventude e Pastoral da Terra.

O Sind-UTE advertiu para a situação catastrófica das escolas e hospitais ao citar as podadoras de vida Propostas de Emenda Constitucional (PEC) 241, travestida depois para PEC 55. O corte em investimentos públicos provocou o terrorismo na saúde pública: atendimento a muita gente nos corredores hospitalares por causa da falta de leitos. A estagnação do crescimento populacional no Brasil e o envelhecimento da população trazem a exigência de um tratamento de saúde mais eficiente e digno.

A reforma do ensino médio orienta para uma ação que as escolas já estão antenadas há tempos: o estrangeirismo na língua portuguesa. O inglês e o espanhol passam a ser conteúdos obrigatórios na grade escolar, institucionalizando a influência estadunidense e europeia no Brasil. O governo quer que as universidades públicas voltem a cobrar mensalidades dos estudantes. É um retrocesso. Uma volta ao início do século. A exigência de cursos técnicos profissionalizantes nas escolas traz implícita a formação apenas de mão-de-obra barata e divide a categoria de professores com a lei de terceirização e contratação de trabalhadores com pouca capacitação, precários.

A ação governamental pressiona as classes mais baixas, de menor poder aquisitivo, a um arrocho salarial com precedentes semelhantes à época da Ditadura Civil-Militar (1964-1985). O milagre econômico foi às custas da geração de mais pobreza no país. A seleção brasileira de futebol masculina é sempre utilizada para seduzir massificamente a alienante nação para um amor abstrato à pátria que maltrata e subjuga sua maior fonte de riqueza: seus operários.

“A Taça do Mundo é Nossa/Com Brasileiro/Não Há Quem Possa/Eh Eita Esquadrão de Ouro”. O estribilho do hino da Copa do Mundo de 1970 bem que poderia ser substituído para: “A Copa do Mundo é Fossa/Com Estrangeiro/Não Há Quem Possa/Eh Eita Batalhão de Choro/Levou de Sete/Perdeu o Tesouro”, uma referência à estrondosa goleada e passeio astronômico que o Brasil levou no Estádio Governador Golpista Magalhães Pinto da Alemanha: 1 a 7.  

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Baseados no Artigo 5º da Constituição Brasileira de 1988, as lideranças comunitárias foram esclarecidas de que o intuito do governo federal (2010-2018) com as reformas é reduzir com o que se gasta com a previdência pública. Os movimentos sociais, mais uma vez alicerçados na CF 1988, reivindicaram que o direito à previdência garante o acesso à cidadania contra o olhar financista governista, contra a noção de que a previdência é fonte de despesas e não garantia de direitos. O governo federal pretende privatizar a previdência pública.      

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